O cenário político e econômico brasileiro está começando a voltar para os trilhos. Prova disso é que, após recuo de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nos anos de 2015 e 2016, no ano passado o PIB apresentou crescimento de 1%. Em valores correntes são R$ 6,6 trilhões.
Para o presidente da Usiminas, Sergio Leite de Andrade, o país passou por um momento muito difícil no que se refere à economia. “Nós saímos de um período de recessão que talvez seja o maior da história. 2017 foi o ano em que a economia parou de cair, estabilizou e no final tivemos um crescimento do PIB de 1%. Pouco, mas, considerando que nós estávamos saindo de uma temporada de queda, positivo”.
Ele observa que, no primeiro trimestre de 2018, a economia se desempenhou bem. “Já no segundo, a partir de abril, percebe-se uma perda no ritmo de crescimento da economia. Com o mês de maio e a greve dos caminhoneiros, a situação se agravou fortemente, com prejuízos a todo o cenário brasileiro e empresas”.
Apesar da expectativa de empresários e analistas do crescimento de 1,94% do PIB para esse ano, na visão de Andrade o aumento vai girar em torno de 1,5%. “3% seria um número melhor se considerarmos os últimos anos, mas não é o que o Brasil precisa. O país necessita de um crescimento superior a 5%. Temos um grande potencial e carências de toda a população em diferentes campos, como saúde, educação, segurança e infraestrutura”.
Andrade esclarece que o cenário mineiro acompanha o nacional. “A economia do estado é uma das mais fortes da União. Temos um forte impacto no país. Contudo, por aqui, já se nota uma redução no ritmo do crescimento econômico. Vai ser menor do que seria necessário”.
Usiminas
Após uma sequência de prejuízos que durou cerca de 3 anos, a Usiminas registrou o melhor EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, que significa lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) trimestral desde 2010. O lucro líquido consolidado no primeiro trimestre do ano atingiu R$ 157,2 milhões”.
“Somos uma empresa com 62 anos de existência e 55 de operação. A Usiminas tem suma importância para o cenário mineiro e brasileiro. Em 2015 e 2016, vimos nossos resultados deteriorarem. Corremos o risco de entrar em recuperação judicial ou até mesmo falir”.
Ações foram feitas para que a empresa não chegasse a recuperação judicial. “Uma delas foi o aumento de capital em R$ 1 bilhão, os três principais acionistas aportaram o valor na empresa com o único objetivo de prover recursos ao caixa a fim de continuar suas operações”.
Contudo, a geração de resultados continuava sendo um problema. “Iniciamos, a partir de maio de 2016, um trabalho intenso para voltar a produzir efeitos. Um ano depois, ao fecharmos o balanço do segundo trimestre de 2017, nós pudemos apresentar ao mercado um EBITDA superior a R$ 1,7 bilhão contra o negativo de 2016”.
Começamos a trabalhar com os três focos importantes: as pessoas, os clientes e os resultados. “Encerramos o primeiro trimestre com EBITDA superior a R$ 2,3 bilhões e estamos trabalhando fortemente. O grande gerador dos resultados da Usiminas foi a mobilização de toda a empresa”.
A dívida foi renegociada e diminuída em 17%. A empresa amortizou os valores de US$ 180 milhões (18/01/18) e de R$ 378,8 milhões (15/03/18) de seu débito junto aos bancos brasileiros, japoneses e debenturistas. “Tínhamos um prazo de 10 anos com carência de 3. Então nós só começaríamos a amortizar o débito em setembro de 2019, mas já começamos o processo em dezembro de 2017, quase 2 anos antes, quando abatemos R$ 90 milhões”.
Todo esse processo refletiu no mercado externo. “A melhor avaliação que uma empresa pode ter sobre sua ótica é o valor de suas ações na bolsa de valores. A Usiminas, ano passado, foi a empresa que mais valorizou na b3 (bolsa de valores oficial do Brasil), com a porcentagem de 121%. Existe uma instituição internacional, a World Steel Association, que reúne 164 empresas responsáveis pela produção de 85% do aço a nível mundial. Temos uma assembleia geral e anual nas quais são conferidos 11 prêmios, desse montante, conquistamos 2. Isso é raro. Nossa imagem está muito fortalecida lá fora”.
Parque Industrial Nacional
Andrade observa que a indústria não tem sido prioridade do governo federal, cenário que deveria mudar, uma vez que o segmento tem grande valor e impacto no PIB. “Dentro de uma economia como a nossa, que é uma das 10 maiores do mundo, a indústria tem que ter um papel preponderante. Na geração de empregos de alta qualidade, na produção de bens que são extremamente importantes, não só para consumo da nossa população, mas para a exportação a fim de fortalecer o Brasil no exterior”.
Para ele, trata-se de um setor que deve ser tratado como prioridade. “É de suma importância, o país precisa de uma indústria forte. É necessário que passemos a planejar a indústria brasileira dentro de um contexto de crescimento do país”.
Troféu Tancredo Neves
O presidente da Usiminas recebe, no dia 18, o Troféu Tancredo Neves, homenagem que é conferida a personalidades que são destaque em diversos setores da sociedade. “Foi com muita alegria que recebi a comunicação de vocês para receber essa honraria. Fico feliz por ser considerado uma das pessoas que fazem algo por Minas Gerais”, conclui.