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Varejo em recuperação

Depois de três anos de dificuldades e centenas de lojas fechadas, o comércio varejista da capital vem esboçando uma retomada em 2018. Os percentuais de crescimento ainda não são os desejados, mas pelo menos já registramos resultados positivos nos primeiros meses desse ano. Em abril, as vendas do comércio de Belo Horizonte tiveram crescimento de 2,32% na variação anual (abril 2018/abril 2017).

Essa é a primeira alta nesta base de comparação desde 2013. A melhora dos indicadores econômicos, como redução da inflação, da taxa de juros, de desemprego e o crescimento do rendimento real têm contribuído para que o poder de compra dos consumidores aumente. E essa melhora impactou positivamente nas vendas.

O crescimento ainda é modesto, mas demonstra que as pessoas estão conseguindo destinar uma parte maior dos seus recursos para o consumo, o que não vinha acontecendo nos anos anteriores. As vendas no acumulado do ano (janeiro 2018 a abril 2018 e janeiro2017 a abril 2017) registraram alta de 2,78%. Nos últimos doze meses (maio 2017 a abril 2018/ maio 2016 a abril 2017), o varejo também apresentou crescimento de 1,67%. Esses resultados mostram que o ambiente econômico mais favorável, tem proporcionado a elevação do consumo das famílias.

A expansão do crédito e o avanço da renda impactam positivamente o varejo da capital. O varejo traz sinais de melhora em relação aos últimos três anos, saindo de uma posição de decréscimo. O resultado do Produto Interno Bruno (PIB) do primeiro trimestre de 2018 confirmou o que já vinha sendo percebido na capital. O consumo das famílias, que é responsável por grande parte do PIB brasileiro, manteve a trajetória de recuperação e avançou 2,8% frente ao mesmo período de 2017.

Esse resultado é importante para os setores de comércio e serviços, pois somos diretamente impactados por isso. Dependemos do avanço do consumo para aumentar as vendas e voltar a crescer e investir, gerando assim mais empregos e renda. De 2014 até o ano passado, houve uma queda muito brusca nas vendas. Começamos no ano passado um processo de retomada. Mas para voltar aos índices de 2010 a 2013, ainda será necessário um longo caminho para a plena recuperação do comércio.

A economia ainda está fragilizada, a recuperação do consumo segue em ritmo lento e sujeita a oscilações que impactam diretamente no resultado das vendas. Estamos em ano eleitoral, há muitas incertezas no que se refere ao contexto político. Por isso, a economia tende a ser afetada pelo clima de instabilidade jurídica e política gerada, principalmente, em uma situação em que os candidatos ao governo federal ainda estão indefinidos.

Os últimos acontecimentos, envolvendo a paralisação dos caminhoneiros, que durou onze dias e afetou toda cadeia produtiva do país, também abalaram a confiança dos empresários e dos consumidores, o que irá gerar um impacto relevante nos próximos resultados do comércio e da economia. Os efeitos da greve deverão ser sentidos no PIB do segundo trimestre e, consequentemente do ano. Na última semana, analistas do mercado ouvidos pelo Banco Central projetaram pela primeira vez em 2018 um PIB menor que 2%. Todas as previsões anteriores eram acima desse patamar.