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Inadimplência empresarial cresce 6,76%

Com mais de 60,7 milhões de pessoas físicas inadimplentes no país, é fato que a classe empresarial iria dividir o peso dos problemas financeiros. Pesquisa do SPC Brasil e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) aponta que, pela quinta vez consecutiva, o volume de empresas que estão com contas em atraso aumentou 6,76%.

O estudo mostra ainda que na comparação com o mesmo período do ano passado, o Sudeste lidera a lista com o maior número de pessoas jurídicas negativadas, um aumento de 10,49%. Em seguida aparecem o Sul, que registrou avanço de 3,72% na mesma base de comparação, Centro-Oeste (3,05%), Norte (1,96%) e Nordeste (1,90%). Outro indicador analisado pela entidade é o de dívidas em atraso. Neste caso, o crescimento foi de 5,22% entre fevereiro de 2018 em relação a 2017.

Segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, esse índice é uma consequência da crise, pois o país não cresce nos mesmos patamares no qual crescia. “O consumidor ainda está se ajustando, ou seja, a situação continua complicada e com as empresas não é diferente”.

A economista salienta que com a mudança na lei de negativação no Estado de São Paulo, fez com que mais devedores entrassem para a base. “As pessoas estão muito preocupadas com a inadimplência e essa alteração facilitou a inserção, principalmente de pessoas jurídicas. Mesmo sendo apenas em São Paulo, o fato é de grande relevância, pois ele engloba grande parte do PIB e reflete em todo país”.

Marcela esclarece que o Sudeste lidera a lista de devedores porque é a região mais populosa. “Já era esperado que ele ocupasse esse lugar, tanto na inadimplência de pessoas físicas quanto jurídicas. Seria preocupante se uma região com menor participação no PIB tivesse altos índices de devedores”.

Consequências?
Dados da Jucemg mostram que apenas nos dois primeiros meses do ano, 5.525 empresas foram extintas.

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Para não correr o risco de fechar, Marcela explica que os empresários devem profissionalizar a gestão do seu negócio. “Principalmente os pequenos, pois muitos têm amplo conhecimento da atividade fim e acabam se descuidando da atividade meio (controle de estoque, funcionários, fluxo de caixa etc). Por muitas vezes, ao organizar as finanças, o empresário encontra formas para economizar e redirecionar gastos para controlar dívidas e, até mesmo, evitar novos débitos”.

A inadimplência deve ser tratada como um ciclo. “Se o consumidor não paga a dívida para as empresas, elas deixam de receber do consumidor, e esse consumidor para de consumir. Deste modo, a empresa não recebe e não consegue fazer novos negócios”.

Dentre os segmentos credores – empresas que não receberam de outras empresas – a mais prejudicada foi a indústria. O setor teve alta de 9,26% na quantidade de atrasos. O setor de serviços (engloba bancos e financeiras), o número de atrasos recebidos de fornecedores e clientes PJ foi de 5,23%, já o índice do comércio neste quesito ficou em 4,35%.

Outro dado relevante é que 69% das pendências financeiras são devidas ao setor de serviços, seguido por 17% do comércio e 13% da indústria. De acordo com os índices de recuperação de crédito por setor, do total das empresas que saíram do cadastro de devedoras, 46% são advindas do comércio.

Por fim, a economista prevê que haverá uma melhora nos índices após o meio do ano. “Saímos da recessão, mas a última variável a se recuperar é o mercado de trabalho e como as empresas dependem do consumidor final e eles estão sujeitos ao mercado de trabalho, é preciso esperar que a melhora se solidifique”.

Dicas:
Controle financeiro empresarial

Não utilize o cartão empresarial para pagar dívidas. “Cartão de crédito é muito caro. O ideal é buscar empréstimos para fluxo de caixa que tem prazos melhores e taxas menores”.
Profissionalize a atividade meio. “É preciso organizar as finanças da empresa, por meio da gestão”.
Tente renegociar a dívida. “É necessário ter conhecimento financeiro da empresa para estabelecer quanto poderá dispor”.