Na opinião pública, o ex-presidente Lula já está condenado em virtude da campanha midiática proferida contra ele e seu governo nos últimos anos pela chamada imprensa livre, alimentada por delações proferidas no Judiciário por personagens envolvidos em maracutaias financeiras.
Até agora só provas indiciárias que o Ministério Público e a Polícia Federal tentam materializar, para sustentar a decisão do juiz Sergio Moro. Ao que tudo indica, não se produziu, até hoje, documento cabal como prova capaz de sustentar o libelo contra o ex-presidente nos casos envolvendo o triplex de Guarujá e o sítio de Atibaia. Talvez esteja aí o motivo da dilação do prazo para o esperado depoimento do ex-presidente.
Primeiro a compra do triplex em Guarujá que, até hoje, não está comprovado, por documento legal (escritura e registro), ser de propriedade de Lula. Na delação de Leo Pinheiro consta que o triplex era da família do ex-presidente, que, aparentemente, assim o demonstrava quando das visitas às obras de reforma do prédio.
O mesmo ocorre com os laudos do Ministério Público, até agora assentados em indícios e suposições, sem prova material, o que pode jogar por terra uma condenação com base no que foi apurado até hoje. Também no sitio de Atibaia, os indícios são maiores do que as provas materiais.
Em que pese tudo isso, a situação política de Lula está completamente assoreada, sem base sólida para consolidar sua (pretensa) candidatura em 2018. Mesmo sem provas materiais, até o momento, sobre o tudo que já se falou ou foi revelado no processo da Lava Jato contra ele, a operação é uma pá de cal em qualquer pretensão sua no campo político.
Isto porque o processo não se restringe apenas ao apartamento de Guarujá ou ao sítio de Atibaia, mas envolve o uso recebimento de propinas nas obras em Cuba, Bolívia, Equador, Angola e tantas outras, com uso de dinheiro público via BNDES.
Também com vendas de medidas provisórias para beneficiar grupos empresariais, como constam das delações do então líder do PT no Senado.
Só que este quadro nefasto não intimida o ex-presidente. Pelo contrário, usando de todo o seu notável papel de marqueteiro, coloca-se hoje como o “coitadinho perseguido”, transformando-se em vítima e candidato à Presidência, para colocar o Judiciário (leia-se Sergio Moro), como o perseguidor de político petista ou de apelo popular.
Não é à toa que as pesquisas recém divulgadas dão seu nome como o mais bem cotado na corrida presidencial. Contudo, a eleição não será este ano e nem se sabe se Lula será candidato em 2018.
Importante frisar que a carga sustentada por Lula até agora está sumamente pesada, em face dos nefastos equívocos provocados pelos dois últimos períodos do PT no governo, o que levou ao descalabro econômico a que o país está submetido. Ademais, no próximo ano as campanhas não vão contar com a ajuda abundante das empreiteiras em virtude da Lava Jato.
Por sua vez, os sindicatos não estão unidos hoje em torno de Lula como presidente, fora o fato de que também estarão fragilizados financeiramente pelo fim do imposto sindical e pela inquietante população desempregada no País, por conta da política populista do governo petista
Este é um quadro, não de visão futurista, mas impregnado da realidade dos fatos contemporâneos. Só o tempo certamente para comprovar.