A aposentada Efigênia Georgina, 84, descobriu que tinha osteoporose há 10 anos, quando começou a sentir fortes dores nas articulações, principalmente no joelho. Ela procurou um médico que acusou que os incômodos poderiam ser devido ao desgaste da estrutura óssea, comum entre as mulheres acima de 45 anos.
Os exames clínicos só comprovaram que a hipótese do especialista: a aposentada realmente estava com a doença. Mesmo tomando remédios para controlar, ela relata que ainda sente muita dor. “Quando há mudanças de temperatura, sempre piora”.
Assim como Efigênia, outros 10 milhões de brasileiros sofre com essa enfermidade, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) estima ainda que, para os próximos 10 anos, o número de fraturas de quadril osteoporóticas atinja 140 mil pessoas por ano. Atualmente, 121.700 indivíduos sofrem com essas lesões.
A médica reumatologista, Adriana Kakehafi, explica que a doença é silenciosa e descobre-se apenas quando acontece alguma queda inesperada. “A principal causa para o desenvolvimento da osteoporose é a falta de estrogênio, hormônio que para de ser produzido após a entrada na menopausa”. De acordo com ela, 30% das mulheres após o fim da menstruação terão a enfermidade.
A médica também alerta que, apesar da enfermidade ser mais comum no sexo feminino, ela também pode atingir um quinto dos homens após os 70 anos, pois é nesta que idade que o estrógeno para de ser produzido no sexo masculino. “Existe uma grande dificuldade para o diagnóstico da osteoporose. Cabe ao médico observar algumas características comuns da doença entre os seus pacientes acima de 65 anos e fazer densitometria óssea (exame que mede a densidade do osso)”.
O tratamento da doença é feito com medicamentos, que podem ser encontrados no Sistema Único de Saúde (SUS), no caso do paciente que tem muitas fraturas, com o intuito de melhorar a massa óssea e diminuir o risco de lesões. Mas a principal solução é evitar as quedas, cuidando de alguns locais dentro de casa que podem ser “armadilhas”. “As maiores lesões que atendo no hospital são de idosos que caíram dentro da própria residência”.
Como evitar a doença
A médica diz que a prevenção da osteoporose começa quando se ainda é jovem, evitando o consumo de refrigerantes, comidas gordurosas e dando prioridade a uma alimentação saudável, com diversas verduras no cardápio, além de iogurte, leite e queijo. Atividade física também é recomendada para evitar os desgastes dos ossos.
Falta equipamento no SUS
Adriana afirma que não existem muitas máquinas que realizam a densitometria óssea no SUS. Segundo ela, o exame, que poderia economizar dinheiro do sistema evitando internações futuras, é rápido, fácil de fazer e não evasivo. “Os brasileiros estão ficando cada vez mais velhos, mas o SUS não acompanha isso”.