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O sobrenatural e as caixinhas de surpresa

Sobre o técnico Tite já fiz o “mea culpa” em um artigo anterior, aqui mesmo no Edição do Brasil. Passei a aceitá-lo como técnico depois de ter abominado seu trabalho no Atlético, quando constatei sua personalidade de homem educado, mas também a fragilidade de um técnico vacilante. E não era para ser, pois Tite já havia percorrido milhares de quilômetros nos campos de futebol do país antes de dirigir o Galo.

Seu trabalho ali foi pífio. Foram 17 rodadas iniciais do Brasileirão, sendo o time eliminado nas quartas-de-final da competição, pelo Ceará. Tite pediu demissão depois da derrota para o Goiás, na 16ª rodada, mas se arrependeu quando o clube anunciou Carlos Alberto Silva como novo diretor de futebol. No entanto, o clima ruim o levou a degola no jogo seguinte, o empate com o Paysandu. Marco Aurélio assumiu no rastro da personalidade fraca de Tite. Porém, seu trabalho no Corinthians e os êxitos alcançados, o redimiram inclusive no meu julgamento. E, agora, numa campanha espetacular, ele classifica a seleção para a Copa da Rússia com todos os pontos possíveis nas eliminatórias: 24 pontos e 24 gols em 8 jogos, média de 3 por partida. Até o time de Saldanha, em 1969 com Pelé e Cia., nas eliminatórias para a Copa do México, ficou para trás.

 

Tite se superou e deu novo gás e novo moral para alguns jogadores que praticamente sucumbiram na Copa de 2014, Paulinho está entre eles. Agora é saber, com justa preocupação, se o time não vai calçar sapato alto e decepcionar na Copa do ano que vem.
O “oba-oba”, o “já ganhou” e “o melhor time do mundo” já derrubaram seleções imbatíveis. Além do mais, o futebol está cheio dessas lições ditadas pelo imponderável ou pelo “Sobrenatural de Almeida”, o incrível e sorrateiro personagem de Nelson Rodrigues. Nem sempre foram a máscara, o convencimento ou a arrogância que determinaram a queda dos favoritos absolutos.
As fantásticas seleções de Telê, em 1982 e 1986, são os melhores exemplos de que, mesmo calçando as sandálias da humildade, os melhores times podem perder e deixar mágoas profundas nas lendárias caixinhas de surpresa.

*Jornalista e publicitário – luizcarlosalves13@hotmail.com