Setores da imprensa saíram em defesa de candidatos em vários municípios e perderam. O caso mais claro está no Rio de Janeiro, na tentativa de desconstrução do senador Marcelo Crivella do PRB, ligado diretamente à Igreja Universal. Os caciques políticos defenderam candidaturas tradicionais e perderam feio para novos na política fazendo inclusive a negação da política, como é o caso do prefeito eleito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil do minúsculo PHS. Os políticos perderam.
O mundo mudou e o meio já não é mais a mensagem como previu o professor McLuhan na sua tese de Aldeia Global. As mídias sociais mostram as entranhas da notícia e jogam de forma desconexa informações aos montes que encheriam um jornal como O Globo por mais de 500 anos em um só dia de troca de mensagens. As fotos publicadas em 24 horas, se impressas chegariam a um edifício de mais de 20 andares. Fica claro que o jornalista não fala mais sozinho. Perdeu o monopólio da notícia.
É claro que o jornalista é importantíssimo neste processo para hierarquizar a notícia e dar credibilidade já que a internet é o caminho solto de absurdos, boatos e erros. Agora o jornalista que sempre cometeu erros pode ser corrigido de forma muito rápida. Já não está sozinho no caminho da notícia. Na política é a mesma coisa, o político já não está mais sozinho nos discursos, ideias, pregações e mais recentemente nas disputas. Os políticos perderam o monopólio da política.
O que é estranho mesmo é que os políticos não admitem esta realidade e pensam em reagir. E vão reagir. O Congresso prepara uma reforma política para barrar os pequenos partidos. A tentativa é de reconquista de espaço. Não é só o dinheiro do fundo partidário, mas espaço político. Nestas eleições municipais a surpresa maior não foi o encolhimento extremo do PT e nem vitórias importantes do PSDB em São Paulo e até no Nordeste, mas o crescimento dos pequenos partidos políticos. E isto assusta muito os caciques.
Hoje são 35 partidos devidamente registrados no Tribunal Superior Eleitoral. Até um com o nome de Partido Novo já está na vida política. O cálculo é de que em poucos anos, se o TSE aceitar os pedidos que estão protocolados teremos 100 partidos políticos. Para quem não tinha nenhum durante a ditadura é partido de sobra. Falam aqui que não existe ideologia para tanta sigla. Não tem, mas quem é que tem ideologia mesmo nas grandes representações partidárias? Há uma decisão clara de barreiras para estes pequenos partidos.
A política tradicional foi minada pelas siglas e não por votos. A sopa de letrinhas se transformou em veículo para candidaturas que antes não teriam a menor chance até para registrar a candidatura. Agora é natural, quem quer ser candidato não tem que insistir com os caciques, procura um partido e pronto. Tem voto tem partido. Tem dinheiro tem muito mais partido. A realidade é que não há mais como prender lideranças ou filiados. Os grandes estão acusando o golpe na defesa desesperada da reforma política. No PSDB o presidente Aécio, Serra ou Alckmin já não se importam tanto com a disputa interna, aquele desespero de antes de fazer a qualquer custo delegados do partido. Não deu certo na legenda, o leque de ofertas é muito grande para a candidatura.