A exposição “Asó: Indumentárias Ritualísticas Brasileiras” chegou ao Centro Cultural Bairro das Indústrias trazendo uma mistura de moda, cultura e ancestralidade. Em cartaz até o dia 14 de outubro, com entrada gratuita todos os dias das 9h às 19h, a mostra apresenta ao público de Belo Horizonte uma leitura de como vestir as corporeidades que rezam nos múltiplos candomblés, através da característica originária a semelhança de um orixá e também da ótica do estilista Wedelen Floriano.
Além de tecidos e linhas que refletem as características dos orixás, o acervo de moda transmite uma poderosa herança ancestral que representa as culturas de matriz africana no Brasil. “As roupas, dentro do candomblé, são elementos que, muitas vezes, revelam o santo de devoção e o estágio de progresso na religião, seja iniciante ou iniciado. Portanto, a indumentária afro-religiosa dos candomblés é fundamental para os rituais e para a criação de uma atmosfera autêntica e significativa nos eventos que celebram essa tradição cultural rica e diversificada”, explica Vitor Gonzaga, diretor da Encruza Produções, empresa responsável pela produção cultural do evento.
Baseado em suas experiências no candomblé, Floriano criou uma exposição que traduz o ambiente ritualístico de um terreiro, permitindo que até aqueles que não participam dessas práticas possam vivenciá-lo. E, para caracterizar os itens expostos que estarão à mostra, cada um dos orixás recebeu uma cor que personifica sua presença no mundo, inspirando a confecção das peças. “Começamos por Exu, orixá guardião da comunicação, que recebeu a cor magenta porque demonstra a luta entre o divino e o material em uma missão de conectar os dois mundos. Já a Nanã, a entidade feminina mais antiga e matriarca de muitos outros, selecionamos a cor roxa, que atribui o conhecimento e a sabedoria”, completa o estilista.
Seguindo as cores, Oxum, rainha das águas doces, recebeu a cor dourada. Já Obá, entidade guerreira conhecida por sua força e valentia, ganhou a cor laranja. As duas últimas são Iansã e Yemanjá, duas das orixás mais conhecidas. “Para Yemanjá, é claro, deixamos a cor azul. Não poderia ser diferente para a rainha do mar. Já a Oyá, nossa Iansã, rainha das tempestades e responsável pela passagem da vida, veste bronze ou cobre”, explica.
Gonzaga ainda comenta que as cores são apenas um mote para impressionar. O que de fato deve ser observado é o quanto o artista se empenhou para criar suas coleções. “Wedelen é um estilista formidável. Ele percorreu muitos terreiros, estudou muito a ancestralidade e buscou muita conexão com o mundo imaterial para conseguir adaptar suas ideias e pensamentos ao tecido”.
A mostra promete ser um evento imperdível para todos que se interessam por cultura, arte e espiritualidade. “Asó: Indumentárias Ritualísticas Brasileiras” é mais do que uma exposição, é um convite para refletir sobre a importância da preservação cultural e a necessidade de respeito e compreensão pelas tradições que formam a base da identidade afro-brasileira e uma celebração da riqueza cultural.
Serviço: Asó: Indumentárias Ritualísticas Brasileiras
Local: Centro Cultural Bairro das Indústrias (Rua dos Industriários, 289 -Indústrias I)
Data: até 14 de outubro
Horário: das 9h às 19h
Entrada gratuita