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Indústria automobilística tem melhor desempenho na produção desde 2019

Foto: Divulgação/Abinee

No segundo semestre, a produção da indústria automobilística atingiu o número de 247 mil unidades, de acordo com o último balanço da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Esse índice é o melhor resultado desde outubro de 2019 e também o melhor de 2024. O acumulado do ano foi de 1.385 unidades, superando em 5,3% o primeiro semestre de 2023.

Ainda conforme a pesquisa, todos os segmentos e modalidades de vendas tiveram índices satisfatórios, mas em especial, o varejo que subiu mais que as vendas diretas. As compras financiadas também aumentaram e os modelos nacionais cresceram mais que os importados. Outro destaque é a elevação de 43,3% nos emplacamentos de ônibus, segmento que vinha tendo uma alta produção, mas sem o mesmo efeito no consumo.

O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, afirma que o impulso principal veio de um período de aquecimento do mercado interno que já se prolonga desde o segundo trimestre. “Foi um volume tão relevante que superou até o mês de julho do ano passado, que havia sido fortemente impulsionado pela Medida Provisória que oferecia descontos para a compra de carros zero quilômetro”.

O economista Wallace Marcelino Pereira pontua que a implementação de política governamental favorável para o setor e a recuperação geral da economia brasileira explicam o aumento da produção. “No que se refere ao primeiro item, destaca- -se o Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que estimula a produção através de incentivos fiscais e gera confiança positiva nas montadoras, no sentido de que existe preocupação do governo em impulsionar o setor”.

“Já o segundo item diz respeito à recuperação da economia. Com a inflação controlada e o desemprego em queda, o mercado consumidor está fortalecido, o que significa demanda potencial para a aquisição de novos veículos. A indústria automotiva, nos últimos, representou cerca de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e corresponde a 20% do PIB da indústria de transformação. O bom desempenho desse setor reverbera em outras atividades produtivas, o que gera efeitos favoráveis em termos de emprego e renda”, acrescenta.

É possível esperar que a produção do segmento continue aquecida, salienta Pereira. “Caso se mantenha a estabilidade política no país, e não ocorram choques exógenos à economia brasileira, tais como crise financeira internacional, impacto na produção de petróleo e uma nova onda de escassez global de semicondutores”.

Exportações e importações

A sondagem indicou ainda que as importações continuam apresentando a mesma participação elevada de 17% nas vendas totais. Já as exportações chegaram a um total de 204,4 mil unidades, 21,7% abaixo dos sete primeiros meses do ano passado. Mesmo o último período pesquisado ter representado o melhor índice do ano, com 39,1 mil unidades embarcadas.

Pereira explica que o mercado latino-americano, onde o Brasil tem mais presença, está tímido. “As montadoras brasileiras perderam espaço no comércio argentino, que passa por acomodações e algumas incertezas. Países como Chile, Colômbia e Equador também estão demandando menos veículos brasileiros. Os impostos de exportação é outro fator que contribui para a perda de espaço no mercado menos aquecido das nações vizinhas”.

Já na questão da importação, Pereira considera um resultado preocupante. “Pois, afeta o ritmo de produção doméstica. Os importados, por estarem mais baratos, ganham fatias de mercado sem contrapartida na geração de emprego e pagamento de impostos. O Brasil possuía, até alguns meses atrás, uma das taxas de importação mais baixas para modelos elétricos e híbridos do mundo. Isso estava afetando deslealmente a concorrência com as demais montadoras nacionais”.

“Ou seja, as empresas domésticas arcavam com o pagamento de impostos e demais custos de produção, ao passo que as companhias estrangeiras, sem filiais em território nacional, se beneficiavam da ausência de custos de produção em solo brasileiro. Com o realinhamento progressivo da taxação para importados, que terminará em julho de 2026, espera-se que a estrutura de custos seja bem próxima para automóveis importados e nacionais”, finaliza.