Um estudo realizado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), a partir das informações do Ministério da Saúde em relação ao número de casos de arboviroses, estimado em 1,5 milhão no Estado, revelou impactos na economia mineira. Para o levantamento, foram observados 67 setores econômicos e analisados os impactos sobre o faturamento, o número de postos de trabalho, a massa salarial e a variação percentual do Produto Interno Bruto (PIB).
De acordo com a sondagem, o afastamento dos trabalhadores devido as arboviroses pode causar um prejuízo de R$ 5,7 bilhões na economia, sendo R$ 3,8 bilhões, de efeitos na queda da produtividade e mais R$ 1,9 bilhão com os custos do tratamento da doença, representando 0,66% do PIB do Brasil. Segundo a entidade, o valor seria equivalente ao necessário para a construção do Rodoanel de Belo Horizonte e é superior ao que foi gasto pelo Estado com o policiamento ostensivo militar em Minas Gerais. A epidemia também pode causar a perda de 71.648 postos de trabalho e a redução de R$ 1 bilhão na massa salarial.
Conforme dados do Ministério da Saúde, de cada dez pessoas que contraem alguma arbovirose, seis são economicamente ativas. O economista-chefe da Fiemg, João Gabriel Pio, explica que o afastamento de um trabalhador por causa de um dos vírus transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti tem um efeito cascata na economia.
“Cada trabalhador, mediante sua força de trabalho, é responsável por uma parcela da produção na economia. Quando ele contrai o vírus, precisa se ausentar das suas atividades, o que gera um gargalo na estrutura de produção ou de serviço prestado. Isso provoca uma perda de produtividade, sobretudo em atividades muito específicas em que só aquele indivíduo conseguiria executar em sua empresa”.
“A diminuição da produtividade de uma empresa causa um efeito cascata, com redução de compras e vendas entre os setores interdependentes. Esse impacto recai sobre o faturamento e, consequentemente, pode haver uma queda dos postos de trabalho e da massa salarial”, acrescenta.
Ele argumenta que além das perdas que as empresas registram devido ao afastamento do trabalhador, custos indiretos, como os hospitalares, recaem ao poder público e ao funcionário. “Esses recursos poderiam estar sendo destinados a outras políticas públicas para melhoria do dia a dia dos cidadãos”.
O economista acredita que a vacinação será um grande fator para o controle da dengue, mas ressalta que é necessário o aumento da produção do imunizante e que sejam feitas campanhas de adesão à vacina.
“Principalmente pelo contexto climático em que vivemos, com chuvas e calor intensos, propiciando a proliferação do mosquito. Além da ampliação da vacinação, é necessário que haja medidas de prevenção para conter o Aedes aegypti, uma vez que a imunização é apenas para dengue, mas há outros vírus, como o da zika e chikungunya. Isso se faz com redução dos focos de água parada”, conclui.
Dados nacionais
A projeção realizada pelo Ministério da Saúde é que sejam registrados 4,2 milhões de casos de arboviroses no país ao longo de 2024. O estudo da Fiemg estima que o impacto na economia nacional seria de R$ 20,3 bilhões, sendo R$ 15,1 bilhões em efeitos na produtividade e mais R$ 5,2 bilhões no tratamento. Além do fechamento de 214.735 postos de trabalho e a queda de R$ 3,8 bilhões na massa salarial.