Um levantamento elaborado pelo Observatório Nacional da Indústria (ONI), núcleo de inteligência e análise de dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que a participação da economia criativa no mercado de trabalho continua em crescimento. A estimativa é que um milhão de novos empregos serão gerados pelo segmento até 2030, elevando, em consequência, a atual participação de 3,11% do setor no Produto Interno Bruto (PIB).
Atualmente, a economia criativa emprega 7,4 milhões de trabalhadores no país, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o 4º trimestre de 2022.
Com expectativas otimistas, a análise da CNI aponta que um em cada quatro novos empregos criados nos próximos anos devem ser em setores e ocupações da economia criativa, que englobam atividades artísticas, gastronômicas, moda, design, inteligência artificial, música, audiovisual, entre outros.
A diretora de marketing, Larissa Mendes, explica o que é a economia criativa. “É um termo criado para nomear modelos de negócio ou gestão que se originam em atividades, produtos ou serviços desenvolvidos a partir do conhecimento, criatividade ou capital intelectual de indivíduos com vistas à geração de trabalho e renda. De acordo com as Nações Unidas, as atividades do setor estão baseadas no conhecimento e produzem bens tangíveis e intangíveis, intelectuais e artísticos, com conteúdo criativo e valor econômico”.
Segundo ela, com o surgimento de novas oportunidades, torna- -se latente a necessidade de conceber ideias fora do lugar comum. “O empreendedor passa então a pensar em modelos inovadores, com novos processos e tecnologias, valorizando o setor criativo em que atua, muitas vezes menosprezado por não encerrar uma formação voltada para a gestão de negócios”.
O levantamento do observatório mostra que os profissionais da economia criativa possuem, em média, 1,8 ano de estudo a mais que os demais e recebem salários 50% maiores do que os profissionais de outras áreas. O salário médio do profissional do ramo é R$ 4.018, enquanto dos demais setores fica em torno de R$ 2.691.
Os salários mais altos são encontrados na parte de produção cultural e de criatividade relacionada à tecnologia, incluindo produção de aplicativos, desenvolvimento de programas de computador, design, desenvolvedores de jogos.
No campo do empreendedorismo, a categoria moda reúne o maior número de estabelecimentos (45.874), seguida por publicidade e serviços empresariais (20.871), serviços de tecnologia da informação (11.712), desenvolvimento de software e jogos digitais (9.771) e atividades artesanais (8.398). O levantamento aponta que o uso de inteligência artificial (IA), aliada à automação, por exemplo, pode servir para acelerar processos criativos.
Na indústria criativa, os setores que devem liderar a criação de empregos são publicidade e serviços empresariais, desenvolvimento de softwares e serviços de tecnologia da informação (TI), arquitetura, cinema, rádio e TV e design.
O desenvolvedor de software, Gustavo Henrique, comenta que o uso da IA deve ser mais discutido. “Apesar de bem legisladas, as propriedades intelectuais estão sendo altamente impactadas pelo impulsionamento tecnológico da inteligência artificial. Ao passo que essa tecnologia auxilia no desenvolvimento de soluções estratégicas e criativas para propriedades como cinema e até mesmo na publicidade”.
“Estamos rediscutindo a propriedade intelectual e vivenciando as discussões sobre direito de imagem. Temos que olhar para a economia criativa e analisar se tem um progresso ou não”, analisa Gustavo Henrique.
Devido ao potencial de crescimento da economia criativa no Brasil, foi implantada em 2011 a Secretaria da Economia Criativa sob o comando do Ministério da Cultura. Sua missão é conduzir a formulação, a implementação e o monitoramento de políticas públicas para o desenvolvimento local e regional, priorizando o apoio e o fomento aos profissionais e aos micro e pequenos empreendimentos criativos brasileiros.