No ciclo natural da vida, chega o momento em que os filhos crescem e saem de casa em busca de sua independência. É nesse momento delicado que muitos pais enfrentam a chamada “síndrome do ninho vazio”. Segundo o psicólogo Filipe Colombini, acontece quando não tem a presença constante do filho. “Além da quebra das interações que existiam, trazendo problemas de readaptação. Dentre os sintomas mais comuns estão a sensação de solidão, abandono e tristeza pelo fato de não ter aquela rotina de antes”, explica.

Colombini alerta que essas sensações podem atingir as mães e também os pais, dependendo da configuração familiar. “O homem tem uma resposta diferente da mulher. Ele internaliza os sentimentos por conta da cultura. Já as mulheres têm essa característica de expressar mais as suas emoções e acabam regulando essas sensações”.

O psicólogo recomenda que os pais desenvolvam atividades ainda durante o crescimento dos filhos. “Isso porque quando chegar o momento de eles saírem de casa, o impacto será menor. É importante que os adultos se planejem desde cedo para esse momento. Ao investir em relações e atividades que não tenham a ver apenas com a parentalidade, à medida que a criança se desenvolve, os pais preenchem as próprias vidas também com outras prioridades”.

Ele diz ainda que, após a saída dos filhos de casa, é importante que os adultos procurem descobrir o que mais pode trazer prazer para eles próprios, além da criação do filho. “Abrir espaço para outras atividades além da parentalidade, não significa diminuir a atenção ou o carinho que se tem por um filho. O processo passa por identificar a função que se tem no mundo, depois de cumprir com sucesso a missão de pai ou de mãe”.

A síndrome do ninho vazio pode ser prevenida a partir de auxílio terapêutico, seja ele familiar ou individual. O especialista reforça que existem outras formas para lidar com essa mudança dentro de casa. “Uma melhora na comunicação é importante nesse momento, bem como entender que isso é algo natural da vida. Toda mudança tem seus impactos emocionais. O importante é pensar como algo positivo, com os filhos tendo responsabilidade, autonomia e independência em viver a vida”.

O psicólogo alerta que o não acompanhamento desses sinais que os pais dão após a saída dos filhos de casa traz algumas consequências para a pessoa ou casal. “Não validar esses sentimentos pode causar alterações psicológicas e psiquiátricas, como um quadro mais grave de depressão, isolamento social e até mesmo ocorrer a separação dos pais”.