É perceptível aos olhos de todos, as constantes, e às vezes justas, reclamações dos usuários do transporte coletivo de Belo Horizonte, contra uma imensa gama de problemas. O clamor principal diz respeito à superlotação dos ônibus, especialmente nos horários de pico, quando as pessoas são espremidas em corredores de autos lotados. Em consequência dessa realidade, tem havido debates permanentes sobre como minimizar essa reivindicação dos passageiros.
Mas, como não poderia deixar de ser, o assunto está sendo politizado. De um lado, a prefeitura da capital, a quem cabe emanar as diretrizes às empresas concessionárias que fazem o atendimento aos belo-horizontinos. Por seu turno, a Câmara de Vereadores busca protagonismo sobre o assunto, até mesmo desautorizando decisões do Poder Executivo. Isso proporciona, indubitavelmente, uma celeuma nunca vista na cidade nesta última década.
É comum assistir o prefeito Fuad Noman (PSD) trocando farpas com o presidente da edilidade, Gabriel Azevedo, uma completa falta de urbanidade entre ambos. Apesar dessa falta de sintonia entre os dois poderes, a realidade é que o tema requer urgência, uma solução plausível. Afinal, o passageiro é o elo mais fraco dessa corrente. Para além do que vem sendo discutido publicamente, sabe-se das dificuldades de muitas empresas concessionárias de manter uma frota mais moderna, pagar seus funcionários em dia e ter condições financeiras para abastecer os veículos. Mas tudo isso já foi levado ao poder público, inclusive, com a sugestão de implementar, como acontece em algumas capitais do país, um subsídio permanente para ajudar a custear o sistema.
Na falta de um entendimento de como solucionar esse problema, até mesmo o Poder Judiciário tem sido convidado a emitir um parecer, como se deu recentemente, quando a Justiça de Belo Horizonte aceitou e deferiu pedido feito pelas empresas de ônibus da capital mineira para reajustar e aumentar o preço da tarifa.
Para quem não se lembra, durante as décadas de 1970 e 1980 havia, em BH, uma Superintendência Municipal de Transporte, a quem cabia administrar os coletivos, sendo que os veículos pertenciam ao município. Naquela época, motoristas e cobradores, contratados diretamente pelo poder público, promoviam greves constantemente, deixando os usuários cada vez mais prejudicados. Abordando o episódio presente, roga-se por uma solução propositiva. Nada de decisões retrógradas.