A prática de esportes coletivos, bastante comum no Brasil, sofreu grandes impactos com a pandemia do novo coronavírus. É que devido ao isolamento social e a necessidade de distanciamento entre as pessoas, desempenhar atividades de contato se tornou quase impossível. Por consequência disso, as modalidades individuais ganharam evidência, segundo mostra um estudo organizado pela Semexe, startup do setor esportivo.
A análise mostra que mais de 50% dos brasileiros reduziram a prática de exercícios físicos entre fevereiro e outubro. O futebol, esporte mais influente do país, foi bastante afetado. Cerca de 90% dos entrevistados na pesquisa ainda não retornaram às quadras ou gramados. Outras modalidades também apresentam decréscimos, como artes marciais (-83%), vôlei (-67%), natação (-53%) e musculação (-46%).
Mas o brasileiro não quis ficar parado e, por isso, as atividades individuais tiveram crescimento. Para 89% dos entrevistados, essas modalidades são mais seguras do que os esportes coletivos. Neste aspecto, destacam-se os exercícios funcionais, com aumento de 36%, assim como ociclismoem algumas regiões. Em Minas Gerais o crescimento do pedal foi de 15%.
Para o cofundador da Semexe, Rafael Papa, os cidadãos tiveram que mudar seus hábitos gerais e pessoais na pandemia. “Muitos espaços fechados, evitar contato físico e com a capacidade reduzida são fatores preponderantes para que o futebol e outras atividades apresentassem queda. Por outro lado, é interessante analisar que os esportes individuais ascenderam. Ou seja, a população buscou novos métodos”.
Ele acrescenta que diversos motivos contribuíram para o crescimento do ciclismo, dentre eles o fato da modalidade já estar ganhando o coração dos brasileiros há um tempo. “A pandemia apenas intensificou isso. A relação das pessoas com a bicicleta vem desde a infância e, agora, ampliamos esse prazer e os horizontes de oportunidade. Pedalar é simples, envolve muitas partes do corpo e, ainda, pode ser associada à mobilidade urbana. Os benefícios não são apenas ao ciclista, mas também ao meio ambiente”.
Rafael acredita que o fomento do ciclismo indica que as pessoas querem se manter saudáveis. “O esporte, no geral, é fundamental para combater centenas de doenças. Um indicador interessante obtido na pesquisa diz respeito ao fato de que 89% dos respondentes julgam o ato de pedalar como sendo importante para a saúde mental. Então, o ciclismo se apresenta como uma das melhores soluções para o dia a dia”.
Iniciando a prática
O advogado Ricardo Virgilli possui uma bicicleta há cerca de 4 anos, mas nunca tinha usufruído. Com a pandemia, deixou de ir para a academia e um dia precisou ir ao banco e foi pedalando. “Depois disso, ando de bike pelo menos 40 minutos diariamente”.
Mesmo após a reabertura das academias, ele prefere pedalar, pois ainda acha delicado voltar. “Depois da vacina, vou tentar conciliar os dois. Escolho horários bem vazios para andar de bicicleta e, assim, não tenho contato com ninguém”.
O educador físico Paulo Gentil fala sobre os benefícios do ciclismo. “É uma das formas mais eficientes de promover melhora na sua capacidade cardiorrespiratória. A pessoa pode ganhar força e massa muscular similar ao que se consegue com a musculação, pois irá fazer um movimento de alta intensidade”.
Para iniciar a prática, ele explica que é interessante que o indivíduo tenha conhecimento de sua condição física. “Saber se não tem nenhum fator de risco que o impossibilite de se exercitar. É interessante também ter opções técnicas básicas de segurança”.
Gentil acrescenta que é essencial pesquisar sobre a altura adequada do banco, pedal, guidão e ajustes para deixar a bicicleta mais confortável. “A pessoa deve escolher o equipamento de acordo com o tipo de ambiente que vai pedalar. Isso envolve segurança, amortecimento e conforto”.