A venda de computadores, item considerado essencial e cobiçado pela maioria dos brasileiros, foi impactada positivamente pelo novo coronavírus. Segundo dados da Compre & Confie, empresa de inteligência de mercado focada em e-commerce, o faturamento do setor de notebooks no comércio eletrônico no Brasil chegou a R$ 2,1 bilhões no segundo trimestre de 2020, incremento de 85,2% em relação ao mesmo período do ano passado.
Essa alta está relacionada, principalmente, ao maior volume de pedidos registrados. Nos primeiros 6 meses do ano, foram 1 milhão de compras realizadas, sendo 773 mil unidades para pessoas físicas e 290 mil para empresas. Além da maior quantidade de vendas, o preço médio dos produtos também subiu, passando de R$ 1.943 para R$ 2.092, um aumento de 7,1% no período.
Para o economista Ricardo Carvalho, a procura pelos notebooks se deve ao fato de a grande maioria da população estar em home office, assim como as escolas que também optaram por ministrar alguns conteúdos on-line para não ficarem totalmente paradas. “A população passou a investir no computador como principal ferramenta para trabalho e estudo. Sendo assim, a venda deste eletrônico deu um salto e garantiu um faturamento expressivo ao setor”, explica.
Preços altos
No entanto, quem deseja adquirir um notebook deve estar preparado para pagar um pouco mais caro. Isso porque com a quarentena, a demanda elevada e o dólar alto, os preços desse equipamento subiram nos últimos meses. Um levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que o aumento foi de 1,73% em junho. Em 12 meses até o sexto mês do ano, o crescimento, medido pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), já atinge 4,2%, sendo o maior nível desde outubro de 2016.
Segundo o economista, a tendência é que os preços continuem em alta nos meses seguintes. “Esse tipo de eletrônico sofre influência, principalmente do valor da moeda americana, pois encarece a compra de componentes importados utilizados na fabricação. O dólar terminou 2019 com uma média de R$ 4 e hoje está na faixa dos R$ 5,50. Além disso, o aumento da procura também contribui para a elevação”, afirma.
Aulas on-line
A professora Camilla Antunes precisou comprar um novo computador para dar aulas on-line. “Já tínhamos o notebook do meu filho em casa, mas por conta dele também precisar estudar e eu usar bastante para o meu trabalho, muitas vezes acaba não conciliando. A saída foi adquirir mais um equipamento para ninguém ficar prejudicado”.
Ela conta que realizou a compra pela internet. “As lojas estavam fechadas devido à pandemia, fiz muita pesquisa antes, principalmente que não entendo muito de marca e configuração. Achei um mais em conta e que atende as minhas necessidades. Paguei R$ 1.900 em um notebook já com webcam integrada para que eu possa transmitir as aulas virtuais”.
Qual escolher?
Decidir qual notebook comprar é uma tarefa mais difícil do que parece, afinal, são diversas marcas e modelos. O especialista em tecnologia Breno Oliveira exemplifica as principais características de um bom computador. “O processador é o responsável por coordenar todas as ações do notebook, assim como o cérebro no corpo humano. O Intel Core i3 é o mais simples da categoria, indicado para tarefas como navegar na internet, ver vídeos em streaming e trabalhar com arquivos leves de textos, tabelas ou apresentações de slides. Já os com Intel Core i5 são para programas mais exigentes, como editores de fotos e até alguns jogos. O Intel Core i7 é o modelo avançado e também o mais caro, indicado para programas mais pesados, como os editores de vídeos”.
Outro componente é a memória RAM. “Ela é usada para gerenciar os programas que são abertos pelo sistema. Um notebook com memória RAM de 4GB é capaz de rodar os programas mais simples e poucas tarefas abertas ao mesmo tempo. Os que possuem 8GB de RAM têm o melhor custo/benefício para quem precisa usar softwares mais pesados. Tem mais eficiência e permite mais tarefas simultaneamente. Agora, se quer trabalhar com editores de vídeos e os jogos mais avançados disponíveis, o ideal é um notebook com RAM de 16GB ou mais”.
No quesito armazenamento, o HD é a forma mais barata encontrada o mercado e pode variar entre 500GB e 2TB, sendo os notebooks com HD de 1TB os mais comuns no momento. Na hora de escolher o tamanho de tela, vale considerar a mobilidade do aparelho. “A maior parte dos computadores têm tela de 14 ou 15,6 polegadas, com definições HD ou Full HD. Mas se você o carrega para a faculdade ou em viagens, considere modelos com telas de até 13, pois costumam ser mais leves”.
Por último, a placa de vídeo é a responsável por ler e exibir as imagens com boa qualidade. Para trabalhar tarefas simples como navegar na internet, textos, tabelas e apresentação de slides, o melhor é aquele com placa de vídeo integrada. Caso contrário, o aparelho deve possuir placa de vídeo dedicada de acordo com as suas necessidades. As mais comuns no mercado são GeForce MX110 e a GeForce MX150. Entre as mais avançadas e com custo maior estão a Nvidia GeForce 1050 e GeForce GTX 1060”.