As fábricas de bicicletas do Polo Industrial de Manaus (PIM) começam a mensurar o tamanho do prejuízo devido à pandemia da COVID-19 para o setor que, no ano passado, bateu recorde de produção. Segundo levantamento da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), em abril, quando a maior parte das fabricantes estava parada, foram produzidas 10.071 bicicletas. O volume é 81,4% menor do que o de março deste ano (54.115 unidades) e 86,7% inferior ao registrado em abril de 2019 (75.680 unidades), além de ser o pior resultado de produção para abril registrado desde 2011 (53.850 unidades). Com a retomada parcial da atividade econômica, em junho, o PIM totalizou 46.913 unidades produzidas, o que representa uma alta de mais de 117% em relação ao início da pandemia.
Apesar de estar distante dos bons números alcançados em 2019, os dados indicam uma recuperação do segmento. No primeiro semestre de 2020, o setor totalizou 249.494 bicicletas, o que equivale a uma queda acumulada de 36,2% na comparação com o mesmo período do ano passado (391.188 unidades).
O vice-presidente do Segmento de Bicicletas da Abraciclo, Cyro Gazola, destaca que, mesmo com a reação do ramo, a melhora total depende da normalização das operações do varejo. “O estímulo ao uso da bicicleta como alternativa de mobilidade urbana pelas autoridades seria outro fator importante para a recuperação do segmento”, acredita.
“A recomendação de utilizar a bicicleta para locomoção durante e pós-pandemia nos deslocamentos vem da própria Organização Mundial da Saúde (OMS). É um modal individual que ajuda a evitar a disseminação do vírus da COVID-19”, pontua.
No varejo, o cenário também é de retomada. Com a chegada do novo coronavírus ao país, a queda no faturamento das lojas do mercado brasileiro de bicicletas chegou a 70%. Já em maio, segundo o levantamento da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), o setor já apresentava aumento médio de 50% no número de vendas, em comparação com o mesmo período no ano passado.
De acordo com os dados, os modelos mais procurados, e que motivaram o crescimento das vendas, são das chamadas bicicletas de entrada. São bikes entre R$ 800 e R$ 3 mil e que servem para deslocamento urbano. Nesta pesquisa, foram consideradas apenas vendas nas lojas físicas e em e-commerces, já que os grandes magazines estavam fechados no período pesquisado.
O estudo também contempla as bicicletas elétricas, que mantêm tendência similar às tradicionais: o aumento foi de 60% em relação a bikes de até R$ 3 mil. As bicicletas com valores superiores a este não apresentaram crescimento de demanda.
Em relação às perspectivas para o restante do ano, Gazola explica que ainda não é possível fazer uma análise mais apurada. “Ainda há muita incerteza em todos os setores, não apenas no que se refere à economia. Precisamos acompanhar não só os indicadores, mas também a implementação das medidas de saúde pública para termos condições de fazer novas projeções”, esclarece.
Recorde em 2019
O mercado de bicicletas no Brasil seguia em plena ascensão. Para se ter uma ideia, a projeção da Abraciclo de produção para o ano inteiro de 2019 foi batida em novembro com 899.177 unidades, mais de 42 mil bikes a mais que o previsto, que era de 857 mil até dezembro daquele ano.