A pandemia segue gerando abalos para além do setor da saúde. Dados colhidos pelo Dresner Advisory Services apontaram que, em todo o mundo, 60% das empresas tiveram seu planejamento atingido pela crise do novo coronavírus. O relatório mostra que, entre as operações, 89% dos empresários relataram impactos em projetos ou orçamentos; 83% em gerenciamento executivo; 75% no marketing; 65% nas finanças; 60% na Tecnologia da Informação (TI); e 56% no Business Intelligence.
O educador financeiro Silvio Azevedo explica que para evitar maiores danos, as empresas devem aproveitar o momento de crise para rever os planejamentos. “Com isso, os empresários conseguem antever possíveis problemas e falhas futuras, adequando a organização para o cenário atual”.
Azevedo acrescenta que essa é uma dificuldade do empresário brasileiro. “Para alguns, falta orientação, para outros, visão. Muitos acham caro contratar um consultor para analisar a viabilidade do negócio, no entanto, é mais barato contratar um profissional para levantar esses dados, do que correr o risco de falência por falta de elaboração”.
Ele, inclusive, informa que o planejamento faz os empresários enxergarem meses à frente, apontando se podem ou não tomar decisões de crescimento, contratações e investimentos em uma companhia. “Dados do Sebrae revelam que 70% das empresas no Brasil fecham com menos de 2 anos e o principal motivo é a falta de fluxo de caixa e capital de giro”, garante.
Muito além de criar um planejamento, é preciso revisá-lo com periodicidade. “As grandes empresas sempre criam orçamentos anuais que são revisados mensalmente. Todo executivo deveria fazer o mesmo, assim como promover reuniões mensais, entender os erros e corrigi-los para que se atinja a meta traçada. Em épocas de crise como a causada pela pandemia, que não foi esperada, deve-se rever todo o plano”.
Dicas
Azevedo esclarece que fundamental integrar todas as áreas e criar um comitê de risco, além de ouvir os colaboradores sobre ideias que possam auxiliar a organização neste momento. “É imprescindível ainda que dialogue com os clientes e entenda suas queixas para que se possa dar uma solução mais rápida, assertiva e, às vezes, barata”.
Ele adiciona ainda que é preciso entender todo o fluxo de pagamento e recebíveis. “Antecipe-se a crise e busque em conjunto de soluções financeiras para conseguir ganhar tempo. Isso vai desde renegociar com fornecedores, postergar dívidas e financiamentos, renegociar aluguéis e etc. Aproveitem que, neste momento, todos estão com medo de não receber. A partir daí, vem à percepção de que é melhor receber menos em mais vezes, do que não embolsar nada”.
E, por último, mas não menos importante contrate um profissional para te auxiliar. “Neste caminho, a economia gerada por um consultor financeiro pode ser 30 vezes maior do que o honorário do profissional, tornando o auxílio dele de extrema vantagem para a empresa”.
Freio
A empresária Richelle Ribeiro tomou uma decisão ousada em 2018: saiu de um emprego de 8 anos para abrir seu próprio negócio. Mesmo arriscando, ela obteve sucesso assim que começou a oferecer os serviços de confecção de brindes. “Todo investimento tem risco, mas busquei pessoas da área para tentar não dar um passo em falso e deu certo”.
No entanto, mesmo com a empresa indo bem a cada dia, o momento de pandemia trouxe a necessidade de um freio. “Para este ano, tinha uma ideia de expansão. Estava pensando em arrumar um espaço físico e até contratar um funcionário para me ajudar. Com calma, refiz os cálculos e entendi que não é o melhor a se fazer agora”.
Richelle preferiu continuar da forma que está para honrar seus compromissos. “A demanda de serviço caiu, mas tenho um caixa para emergências e, hoje, me sinto aliviada de ter tomado a iniciativa de fazer isso, pois vou conseguir passar pela crise sem grandes prejuízos. Tenho como me manter sem novos clientes por mais 4 ou 5 meses”.