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Quase 40% das empresas brasileiras reduziram salários e jornadas de trabalho

De acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), em média, cerca de 38% dos empresários da indústria, construção, serviços e comércio reduziram proporcionalmente salário e jornada de trabalho dos seus funcionários, de acordo com a Medida Provisória (MP) 936/2020, sancionada com a intenção de preservar empregos e gerar um alívio financeiro às empresas durante a pandemia de COVID-19.

Segundo o estudo, das 3.603 companhias consultadas, em média 33,7% também informaram que haviam suspendido contratos. De acordo com o Ministério da Economia, pelo menos 10,693 milhões de acordos entre funcionários e empregadores foram assinados nos moldes da MP.

Os dados mostram que todos os trabalhadores foram atingidos, no entanto, os que mais sofreram redução de salário são os com renda de até R$ 2.100 com 69,3% dos entrevistados. Já os com faixa salarial entre R$2.100,01 e R$4.800, 59,6% tiveram seus rendimentos reduzidos. Entre os que ganham acima de R$9.600, 48% tiveram alguma perda no faturamento mensal.

“O setor de serviços tem sido o mais afetado pela pandemia e, por isso, foi o que mais ajustou o quadro de funcionários, suspendeu contratos de trabalho e reduziu proporcionalmente salários e jornada de trabalho. Os segmentos mais comprometidos foram os relacionados aos serviços prestados às famílias, como de alimentação e alojamento. Apesar disso, a expectativa da maioria das empresas do setor é de que voltem às atividades normais até o final do quarto trimestre”, analisou Viviane Seda, coordenadora das Sondagens do FGV IBRE e da pesquisa.

As empresas adotaram ainda medidas como: decretação de férias coletivas, adiantamento de férias individuais e de feriados não religiosos, além de redução de quadro funcional. Ao todo, mais de 53% das famílias brasileiras tiveram seu trabalho afetado de alguma forma.

Em meio aos empresários que tiveram seus negócios diretamente prejudicados está Mauro Costa, dono de um restaurante na região do Lourdes, em Belo Horizonte. “Antes, concorria com as cozinhas locais, agora, atuando apenas nos aplicativos de entrega, onde o número de ofertas e promoções é gigante, disputo com a cidade toda”.

Vendendo cerca de 25% do que vendia antes da pandemia, ele buscou por um fôlego aderindo ao programa emergencial de emprego do governo federal suspendendo metade de sua equipe de 12 pessoas e reduzindo parte do salário dos que manteve. “Esse acordo venceu no início deste mês. Agora, invertemos, quem estava suspenso retorna com redução de 50% do salário e quem estava na redução, vai para suspensão. Mas não sei até quando ficará nessa gangorra, precisamos de algo mais certo”, desabafa.