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Judô transforma corpo, mente e promove valores para a vida inteira

Foto: Pixabay

 

Mais do que um esporte de combate, o judô é uma filosofia de vida que alia técnica, disciplina e respeito. Criado no Japão no final do século 19, o judô vem conquistando adeptos no Brasil desde sua chegada ao país, em 1914. Atualmente, é uma das modalidades mais praticadas em solo brasileiro, com cerca de 2 milhões de pessoas em academias, escolas e projetos sociais, de acordo com a Confederação Brasileira de Judô.

“O judô é uma ferramenta poderosa de formação humana. Ele ensina valores como respeito, disciplina, autocontrole e perseverança”, afirma o faixa preta e professor Humberto Souza. Ele explica que, desde as primeiras aulas, o aluno é incentivado a respeitar o adversário e a seguir regras rigorosas de convivência. “A reverência antes e depois da luta não é apenas um ritual, é um gesto de humildade e gratidão”.

Para as crianças, o esporte também atua como um agente de socialização. Souza observa mudanças significativas no comportamento dos pequenos. “Muitos chegam agitados, tímidos ou inseguros. Com o tempo, ganham confiança, aprendem a lidar com frustrações e passam a respeitar limites, os próprios e os dos outros”, conta.

O judô é um grande aliado da saúde mental. O ambiente controlado, a disciplina e a prática da meditação ativa (concentrar-se no momento presente durante os treinos) ajudam no controle da ansiedade e no desenvolvimento da paciência.

“O esporte nos ensina a cair e levantar, literalmente e metaforicamente. Essa filosofia de resiliência é valiosa para lidar com os altos e baixos da vida. Para crianças e adolescentes, a atividade oferece uma alternativa saudável ao tempo excessivo em telas e ajuda na construção da identidade e autoestima. Já para adultos, pode ser uma válvula de escape contra o estresse do dia a dia. No tatame, você se desconecta dos problemas. É um momento de foco total, que gera bem-estar imediato e sensação de realização”, afirma o professor.

Além disso, o judô exige e desenvolve uma ampla gama de capacidades físicas: força, flexibilidade, resistência, equilíbrio e coordenação motora. “Os movimentos de luta, quedas e projeções exigem força dos braços, pernas e tronco, promovendo o fortalecimento geral do corpo, os alongamentos e as técnicas de rolamento e queda ajudam a melhorar a amplitude dos movimentos articulares”, explica o fisioterapeuta Renato Lacerda.

Segundo o profissional, a prática regular contribui para a prevenção de doenças como obesidade, hipertensão e diabetes. “Os treinos dinâmicos, com séries de lutas e exercícios contínuos, estimulam o sistema cardiorrespiratório e por ser uma atividade intensa, o judô contribui para o gasto calórico e o controle da gordura corporal, sendo um aliado na prevenção da obesidade. Tanto a resistência muscular quanto a resistência aeróbica são trabalhadas durante os treinos, aumentando a capacidade de esforço por mais tempo”.

Projetos sociais que utilizam o judô como ferramenta de inclusão vêm ganhando força em todo o Brasil. Souza ressalta que em comunidades carentes, a prática ajuda a manter crianças longe da violência e da evasão escolar. “O esporte é um caminho para oportunidades. O judô também é inclusivo para pessoas com deficiência. A modalidade paralímpica vem ganhando destaque e oferece uma prática adaptada e competitiva para atletas cegos ou com baixa visão. Todos têm espaço, o que importa é a dedicação, não a limitação”.

“Embora seja uma luta individual, o judô valoriza o treino em dupla e a ajuda mútua, criando laços de amizade e espírito de coletividade. No tatame, não importa a origem, o gênero ou a condição física, todos têm o mesmo valor e são tratados com igualdade”, conclui.