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BH registra quase 350 mil multas de trânsito no 1º bimestre do ano

Foto: Freepik.com

 

O primeiro bimestre de 2025 trouxe números alarmantes sobre a situação do trânsito em Belo Horizonte. Dados compilados pela BHTrans, empresa responsável pela gestão do trânsito na capital mineira, revelaram que, ao todo, foram 349.398 infrações registradas, em uma arrecadação superior a R$ 19,8 milhões. O número de multas aplicadas no município teve um aumento de 13,5% em comparação com o mesmo período de 2024, quando 307.816 motoristas infratores foram flagrados.

Esse avanço na quantidade de multas em Belo Horizonte levanta preocupações sobre a segurança viária e a eficácia das políticas públicas implementadas. O excesso de velocidade, o uso do celular ao volante, e a falta do cinto de segurança continuam sendo as infrações mais comuns, e são responsáveis por grande parte dos acidentes nas vias da cidade.

Para o especialista em segurança viária e trânsito, José Carlos Souza, ainda existe uma possível deterioração no comportamento dos motoristas, que insistem em práticas de risco, apesar das campanhas educativas. “O aumento nas infrações é um reflexo direto de alguns fatores, mas principalmente da persistência de comportamentos imprudentes por parte dos motoristas. Por mais que haja fiscalização, é necessário um trabalho contínuo de conscientização para que esses índices de multas possam realmente diminuir no futuro”.

Outro fator que pode ter influenciado na alta de multas é o aumento do fluxo de veículos na cidade. “Com a retomada econômica pós-pandemia e o crescimento do número de veículos circulando pelas ruas, o trânsito tem se tornado mais caótico, e consequentemente, o número de infrações tende a crescer”, afirma Souza.

Isso não apenas prejudica a segurança viária, mas também gera um impacto econômico para a população. A aplicação de multas resulta no aumento da arrecadação de recursos para a BHTrans, que é reinvestido em melhorias na infraestrutura do trânsito e em projetos de mobilidade urbana. No entanto, a alta nas infrações também levanta uma questão sobre a eficácia das estratégias de fiscalização.

Na avaliação de Souza, “apesar da intensificação da fiscalização e das campanhas educativas, a quantidade de infrações e acidentes sugere que é necessário repensar a forma como as ações de conscientização estão sendo realizadas. O aumento das multas pode ser visto como uma medida paliativa, que não resolve as causas profundas dos problemas no trânsito, como a falta de educação e a impunidade”.

Entretanto, o aumento das multas pode ser mais do que apenas reflexo da fiscalização intensificada. O trânsito de Belo Horizonte enfrenta problemas estruturais, como o aumento do número de veículos, a falta de alternativas de transporte público eficientes e o alto índice de congestionamento, que contribuem para o agravamento da situação.

Segundo a especialista em mobilidade urbana, Mariana Silva, o número crescente de infrações reflete uma falta de infraestrutura e planejamento no sistema de transporte da cidade. “Belo Horizonte ainda não tem uma rede de transporte público capaz de atender toda a população de forma eficiente. A falta de opções de transporte coletivo e a saturação das vias urbanas tornam a cidade mais dependente dos carros particulares, o que, por consequência, gera mais infrações e congestionamentos”.

Ela relata que o crescimento populacional e o aumento do número de veículos são fatores que exigem um planejamento mais eficiente, com investimentos em transporte público, ciclovias, e mais espaço para pedestres. “Embora as multas possam gerar uma sensação de controle, é necessário que o planejamento urbano também se concentre na melhoria da infraestrutura e na oferta de alternativas de transporte sustentável”.