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Centro Cultural Lá da Favelinha celebra 10 anos de impacto social

Atividades culturais são realizadas no local / Foto: Bruna Brandão

O Centro Cultural Lá da Favelinha, localizado no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, está completando uma década de história e transformação social em 2025. No local, são realizadas 13 oficinas semanais, atendendo mais de 200 pessoas por semana, promovendo trocas e construções na área de cultura e educação, com aulas de espanhol, Libras, capoeira, rap e passinho.

“Tivemos mudanças significativas nesses 10 anos, como pessoas que começaram a ler na melhor idade e outras que tiveram seu sorriso renovado por meio de parcerias com dentistas. No ano passado, formamos mais de 50 mulheres empreendedoras com o curso realizado em parceria com a Boca Rosa Academy. Em outra parceria, capacitamos mais de 50 jovens periféricos para a creator economy. É uma construção coletiva que quase não dá para colocar em números”, conta o criador do Lá da Favelinha, o artista e ativista Kdu dos Anjos.

Ele destaca que o projeto se desenvolveu a partir das demandas e dificuldades da comunidade. “Tínhamos uma demanda forte com o rap e, logo depois, chegou o pessoal do funk, que reclamava da falta de espaço e visibilidade. Enxerguei isso como uma oportunidade de gerar renda e também como uma potência, pois, na época, eles lançavam o passinho carioca e quase ninguém em Belo Horizonte fazia isso. Então, fomos a primeira companhia organizada da cidade a transformar essa dança em um meio de trabalho e começamos a vender shows”.

“Outro exemplo é que muitas meninas e alguns meninos queriam ser modelos, mas percebemos a dificuldade de entrar no mundo da moda devido ao racismo estrutural. Assim, criamos o nosso próprio desfile, o Favelinha Fashion Week, que acontece em um beco chamado Passarela. Também percebemos que havia mulheres costureiras que queriam trabalhar com moda e criamos o Remexe Favelinha, uma cooperativa que reutiliza roupas já existentes. Essas peças, além de proporcionarem sustentabilidade financeira para essas mulheres, também beneficiam o meio ambiente, pois transformamos roupas que iriam para o lixo em luxo”, acrescenta.

Uma das oficinas deste ano é a “Empreenda Fácil: Descomplicando o MEI”, ministrada por Vitor Sanches, contador do Lá da Favelinha e especialista em Direito Tributário. Os encontros ocorrerão até o dia 27 de março, às terças e quintas-feiras, às 19h. As inscrições podem ser feitas pelo formulário forms.gle/KKYoj9NSvDn8mU3i8.

Kdu dos Anjos destaca que o espaço está aberto a tudo que envolva empreendedorismo criativo periférico. “Esse curso é muito importante porque atrai tanto pessoas de empreendimentos tradicionais, como salões de beleza, ferros-velhos e motoboys, quanto empreendedores criativos, como MCs e produtores musicais. A periferia precisa cada vez mais se munir de conhecimento, principalmente o burocrático, que é onde, muitas vezes, ficamos para trás. Na hora de uma negociação ou de dar passos maiores, é essencial saber emitir notas fiscais e estar de acordo com a lei”.

Mais uma iniciativa do Lá da Favelinha é a companhia Favelinha na Estrada, que está viajando pelo Brasil com o espetáculo “Brinco de Ouro”, envolvendo pessoas da comunidade. Já no dia 20 de abril, acontecerá a Páscoa na Rua, outro evento programado para este ano.

“Fazemos esse evento de forma voluntária, e a população de Belo Horizonte e de outros estados pode colaborar com chocolates ou até mesmo com doações em dinheiro. Muitas famílias querem comprar chocolates para seus filhos, mas não têm condições financeiras. Essa doação impacta diretamente na economia da família periférica. Levamos sorrisos às crianças e alívio ao bolso dos pais. Além disso, quando compramos os chocolates dentro da comunidade, geramos retorno financeiro para os moradores”, explica o idealizador do projeto.

Além das oficinas existentes, o fundador do Lá da Favelinha promete novidades para este ano. “Tudo que for criativo, sustentável e revolucionário, estamos topando. Vamos construir a galeria de arte Torre de Bebel, um espaço dentro da favela. Por enquanto, posso adiantar que haverá um farol na galeria, porque somos gigantes. Também lançaremos o Cine Clube Favelinha, um festival de exibições cinematográficas ao longo do ano. E, no dia 3 de agosto, teremos a grande final da Disputa Nervosa Nacional, que percorrerá oito estados brasileiros selecionando o melhor dançarino ou dançarina de funk de cada região, com a final acontecendo em Belo Horizonte”, conclui.