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Exposição “Arte Gravada” celebra a cultura mineira através de estandartes

Foto: Ian Lara/Divulgação

A exposição “Arte Gravada: Acervo do MAP na Casa Fiat de Cultura” traz textos e uma série de dez estandartes originais criados pelos artistas Yara Tupynambá, Sandra Bianchi, Glaura Mary e Júlio Espíndola. A peça “Estandartes de Minas” é resultado de uma pesquisa realizada em 1974 na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sendo executada durante a III Bienal Nacional de São Paulo. A mostra estará aberta ao público até 13 de abril e tem entrada gratuita.

Cinquenta anos depois, as obras são finalmente apresentadas ao público após passarem por um processo de restauro, realizado por meio de uma parceria entre o Museu de Arte da Pampulha (MAP) e a Casa Fiat de Cultura. Esta colaboração teve início com a exposição “Arte Brasileira: A Coleção do MAP na Casa Fiat de Cultura”, que ocorreu de outubro de 2023 a março de 2024, e trouxe à região central da cidade importantes obras do acervo do MAP.

Com curadoria de Rafael Perpétuo e promovida pela Casa Fiat de Cultura em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), a exposição dá sequência à mostra anterior e reforça o compromisso dessas instituições com a preservação, ressignificação e divulgação do patrimônio cultural de Minas Gerais.

Segundo o presidente da Casa Fiat de Cultura, Massimo Cavallo, a exposição reforça o compromisso da instituição em estabelecer uma conexão entre diferentes épocas, pessoas, ideias e percepções. “A parceria com o MAP fortalece a missão de perpetuar aquilo que dá sentido ao presente e que inspira o futuro: as histórias que nos formam, os artistas que nos inquietam e a arte que nos transforma. Esse legado é a chama que continuará iluminando o caminho das gerações vindouras”.

O curador da exposição, Rafael Perpétuo, destaca a relevância do processo de restauro da obra para a cidade de Belo Horizonte. “Primeiramente, esta exposição deve ser celebrada como uma rara parceria entre duas prestigiadas instituições belo-horizontinas e pela salvaguarda e conservação de um conjunto de obras que de fato se coloca como um marco temporal. Encontrar informações diversas sobre as obras, os artistas e suas feituras foi um trabalho delicioso e instigante. Os estandartes são importantes na nossa cultura e para além das imagens religiosas, eles se fazem presentes em manifestações e até no carnaval. Devolvemos para a cidade um belíssimo conjunto e espero que frutifique em novas e estimulantes pesquisas”.

Os dez estandartes abordam temas frequentemente presentes no imaginário de Minas Gerais, reinterpretando e explorando imagens e figuras de forte tradição popular. “As imagens contidas nos estandartes apresentam uma humanização das santas e santos que, pela própria técnica, expressam uma visceralidade proporcionada pelo corte da goiva sobre a madeira, expondo a carne, os músculos e as veias. Esse é um ensinamento da arte moderna que, ao torcer e distorcer as formas dos corpos, oferece uma releitura das imagens sagradas às quais fomos acostumados como oficiais”, explica o curador. As obras tamb é m re v e l a m a influência de Yara Tupynambá sobre os demais artistas. “A excelência expressionista no manejo da técnica do desenho e da gravura evidencia como a artista fez escola entre os artistas mineiros”, garante.

Os estandartes evidenciam um trabalho primoroso da artista. “O conjunto de obras também marca como a tradição da gravura e do desenho é enraizada em nosso estado. Minas Gerais, a partir de Guignard, mas especialmente a partir dos anos 1970, principalmente com Tupynambá, Lotus Lobo e Amílcar de Castro, passa a tomar essas duas técnicas como parte da tradição local, assumindo para si um modo de arte que simboliza a coesão dos artistas e que também explora os limites das técnicas”, completa Perpétuo.