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Estudo revela que educação integral é uma prioridade para as famílias

Carga horária ampliada é vista como essencial para os estudantes / Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

Segundo a pesquisa “Opinião das Famílias: Percepções e Contribuições para a Educação Municipal”, realizada pelo Instituto Datafolha, Fundação Itaú e movimento Todos Pela Educação, revelou que a expansão do número de escolas em tempo integral é apontada por 30% das famílias de estudantes do ensino fundamental da rede pública como ação prioritária para as próximas gestões municipais.

Para os entrevistados, é essencial ampliar a carga horária, com no mínimo sete horas diárias. Entre os efeitos positivos enxergados pelas famílias estão o desenvolvimento socioemocional dos estudantes, como a promoção de habilidades de relacionamento, a expressão de emoções e a motivação para o futuro.

O mestre em direito e professor universitário, Hellom Lopes Araújo, afirma que o ensino integral é a melhor alternativa para melhorar a educação no país. “Principalmente levando em consideração as características da nossa sociedade e do nosso estudante, elas clamam por essa modalidade. Porque retiramos o aluno das possibilidades de ser cooptado pela criminalidade, por atividades estéreis, sem nenhum tipo de propósito”.

“Damos uma razão de ser e um sentido para a vida daquele estudante. Levando em consideração que o ensino integral tem o propósito de submeter o aluno não só aquela carga teórica ao longo de um dia inteiro de aula, mas também a outras áreas da educação que nós entendemos como importantes, como: as artes, a cultura, e a linguagem. Oportunizamos para o estudante essas outras vertentes que só dentro daquele ensino parcial, não conseguiríamos oferecer para ele”, pontua Araújo.

O advogado especializado em Políticas Públicas, Marcello Rodante, revela que a principal dificuldade para implementar o ensino integral está na combinação de desafios financeiros, falta de planejamento estratégico e questões políticas. “O modelo exige investimentos robustos em infraestrutura, formação de professores, alimentação, transporte escolar e materiais pedagógicos, o que demanda um orçamento significativo que nem sempre é priorizado”.

Ele complementa dizendo que há uma resistência política. “Que muitas vezes reflete a falta de compromisso com políticas públicas de longo prazo. Outro entrave é a desigualdade regional. Enquanto estados mais ricos conseguem implementar escolas em tempo integral de forma mais consistente, regiões mais pobres enfrentam dificuldades adicionais, como falta de estrutura básica e escassez de profissionais qualificados. Superar essas dificuldades exige um verdadeiro compromisso político, com investimentos contínuos, planejamento estratégico e engajamento das comunidades escolares”.

Evasão escolar

De acordo com a pesquisa, entre os responsáveis entrevistados, 51% concordam que “muitos estudantes estão abandonando a escola”. Esse receio é ainda mais evidente entre as famílias com menor rendimento: 53% com renda de até um salário mínimo concordam totalmente ou em parte com essa afirmação. Em contrapartida, 37% das famílias com renda superior a cinco salários mínimos, concordam com a mesma.

Rodante explica que a evasão escolar é, de fato, um problema complexo e multifacetado que exige uma abordagem cuidadosa e integrada por parte do poder público. “Uma das estratégias frequentemente adotadas é a implementação de programas de transferência de renda condicionados à frequência escolar, como o Bolsa Família. No entanto, é fundamental que esses programas sejam rigorosamente planejados e fiscalizados, pois quando bem estruturados, podem aliviar a pressão econômica sobre famílias vulneráveis, garantindo que as crianças permaneçam na escola”.

“Outro aspecto central é o acompanhamento psicológico e social dos estudantes e de suas famílias. É preciso reconhecer que programas de transferência de renda ou assistência psicológica isolados não são suficientes, eles devem estar integrados a um sistema educacional mais atrativo e adaptado às necessidades dos jovens. Apenas com um planejamento abrangente e investimentos robustos será possível enfrentar as causas profundas da evasão e garantir o direito à educação para todos”, finaliza.