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Pesquisa aponta que 70% das empresas brasileiras não têm métricas de etarismo

66% dos desempregados relatam preconceito de idade / Foto: Reprodução/TV Brasil

Apesar do progresso ao longo dos anos, 70% das empresas não possuem indicadores claros para medir o avanço de suas ações, e muitos ambientes corporativos permanecem alheios ao preconceito etário. É o que revela um estudo sobre etarismo, conduzido pela Robert Half e Labora.

A maioria das empresas (61%) ainda não tomou medidas para reter profissionais acima de 50 anos, embora este número represente uma melhora em relação ao ano passado, quando 71% das instituições admitiam não ter adotado ações nesse sentido. Entre as iniciativas, destacam-se o monitoramento do desenvolvimento de colaboradores 50+ e revisões periódicas para garantir que os programas adequados estejam em vigor. Nenhuma prática, no entanto, se sobressai de forma significativa. Entre os desempregados, 66% veem o preconceito etário como o principal obstáculo para retornar ao mercado de trabalho.

Entre os empregados, 63% acreditam que o tema não é devidamente valorizado em suas empresas. A pesquisa também aponta que 67% dos entrevistados consideram importante oferecer treinamentos sobre o assunto para as lideranças, e 66% acreditam na eficácia de promover palestras sobre etarismo para todos os colaboradores.

Para o fundador e CEO da Labora, Sérgio Serapião, criar um ambiente de trabalho verdadeiramente inclusivo, é essencial promover a conscientização sobre o etarismo e investir em treinamento contínuo para funcionários de todas as idades. “Muitas vezes, preconceitos inconscientes passam despercebidos, mas têm um impacto significativo na criação de ambientes corporativos multigeracionais saudáveis e eficientes”.

Já o especialista em Desenvolvimento Social pela Fundação Oswaldo Cruz, Saulo Magalhães, pontua que esses dados são preocupantes. “Pois, a população está envelhecendo mais, o que desafia as companhias em como desenvolver uma gestão de pessoas, com um olhar que alcance essa realidade. Não é possível simplesmente descartar esses indivíduos porque vão chegar na meia-idade. A área de recursos humanos deve se ressignificar”, afirma.

Pensar e trabalhar sobre o assunto pode colocar a instituição como um grande diferencial no mercado, avalia Magalhães. “A importância de medir o progresso da companhia sobre o tema do etarismo, acaba sendo uma oportunidade para que a empresa se reinvente e consiga perceber as fases da vida e desenvolver, nessa relação com o colaborador, ferramentas e possibilidades”.

Diversidade geracional

O estudo revela ainda que 77% das empresas não possuem iniciativas intencionais para aumentar a diversidade geracional em seus processos seletivos. Dessas, 39% estão discutindo a implementação de medidas, enquanto 38% acreditam que não precisam de ações específicas, presumindo que qualquer pessoa pode participar dos programas existentes.

A pesquisa mostra também que 69% das companhias reconhecem que não oferecem oportunidades equitativas para diferentes idades. Nos últimos 12 meses, 42% das instituições não realizaram nenhuma ação de conscientização sobre a intergeracionalidade. Entre as que tomaram alguma iniciativa, destacam-se palestras para toda a empresa (31%), programas de formação para a liderança (25%) e iniciativas estruturadas de conscientização (15%).

Magalhães elucida que a empresa tem que entender que existem benefícios em ter pessoas de diferentes fases da vida compondo o seu corpo técnico. “Por exemplo, as atitudes e comportamentos de maturidade, muitas vezes são decisivos em certos planejamentos. E o profissional de meia-idade também tem que perceber seu valor”.

Para ele se tornar ainda mais atrativo para o empregador, o profissional precisa se autorizar a ser atrativo, acreditar que tem uma trajetória, potencial e um excelente currículo. Mostrar que pode somar aos demais colaboradores e as qualidades que eles possuem, muitos jovens podem não ter”, finaliza Magalhães.