Segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), entre 2024 e 2025, 73.610 mulheres devem receber o diagnóstico de câncer de mama em cada um desses anos. Apesar de campanhas como o Outubro Rosa, que buscam conscientizar as mulheres sobre a doença, circulam nas redes sociais diversas fake news relacionadas ao desenvolvimento do câncer e à mamografia, exame utilizado para o rastreamento e detecção precoce da patologia.
“Há um tempo, algumas mulheres diziam ter medo de serem submetidas à mamografia porque acreditavam que a radiação emitida pelo exame poderia causar câncer. Isso é um mito, pois essa radiação é dez vezes menor que a de uma tomografia e não existe nenhuma evidência científica que associe a realização da mamografia ao aumento do risco de câncer de mama”, destaca a mastologista e integrante da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Lívia Conz.
“Um boato que ficou bastante conhecido pela internet é que o consumo excessivo de carboidratos e açúcar poderia aumentar a proliferação de células tumorais. Existem ainda fake news relacionadas ao tamanho das mamas ou ao uso de determinados medicamentos em relação ao câncer de mama, mas nada disso foi comprovado”, complementa a mastologista.
A SBM, em conjunto com outras sete sociedades, lançou a campanha “Juntos somos mais fortes”, com o objetivo de incentivar as mulheres a realizarem a mamografia. O exame deve ser feito por todas as mulheres a partir dos 40 anos. “O site www.juntossomosmaisfortes. org.br contém informações de fácil acesso, que podem ajudar as mulheres a terem mais acesso à mamografia e a entenderem um pouco mais sobre o câncer de mama, além de orientá-las sobre os sinais de alerta que indicam a necessidade de procurar um serviço de saúde”, reforça Lívia.
Para combater a desinformação relacionada ao câncer de mama, Lívia enfatiza que a educação é um dos caminhos. “Precisamos de fontes confiáveis e de informações verídicas para que as mulheres, especialmente aquelas com 40 anos ou mais, possam abandonar ideias ultrapassadas. Uma das principais crenças equivocadas é a de que, se alguém na família teve câncer de mama, a pessoa estaria protegida, o que não é verdade. A maioria dos diagnósticos ocorre em mulheres sem histórico familiar”.
“Elas precisam acreditar nas evidências científicas. Leia sobre a quantidade de radiação emitida pela mamografia, busque estudos com embasamento científico e consulte fontes confiáveis para obter informações. Não compartilhe notícias ou propagandas recebidas nas redes sociais sem verificar a veracidade”, acrescenta.
A mastologista espera que o Outubro Rosa sirva como um lembrete para as mulheres que não costumam fazer a mamografia todos os anos. “Que seja um incentivo para elas, porque o que observamos é que poucas mulheres fazem o exame sem necessidade, enquanto muitas não o realizam com a frequência necessária. O mês de conscientização vem para chamar a atenção para essa causa, mas os cuidados devem ocorrer durante todo o ano”.
Estágio inicial
Para a mastologista Fábia Beraldo, a detecção da doença em estágio inicial é crucial para o planejamento de estratégias de controle do câncer de mama. “Quanto mais cedo um tumor invasivo é diagnosticado e o tratamento iniciado, maior a chance de cura”.
Ela ressalta que, para prevenir o desenvolvimento da doença, é importante manter a prática de atividade física, manter uma alimentação saudável, além de evitar o consumo de álcool e tabaco.
Fábia reforça que o autoexame é fundamental para o conhecimento das mamas. “Qualquer alteração na aparência da mama, como textura de casca de laranja, feridas, vermelhidão, inchaço ou secreção com sangue, são sinais de que se deve procurar um especialista”, conclui.