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Pequenas empresas exportadoras têm crescimento de 120% em dez anos

Foto: Freepik.com

O cenário das exportações brasileiras passou por uma transformação significativa com a crescente presença de pequenos negócios no mercado internacional. De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o número de empreendedores que estão vendendo produtos e serviços para outros países cresceu 120% nos últimos dez anos, enquanto as médias e grandes empresas cresceram 29% no mesmo período. Atualmente, os pequenos já representam 41% do total de empresas exportadoras, apesar de movimentarem apenas algo próximo a 0,9% do montante de recursos.

O levantamento mostrou que em dez anos foi registrado um crescimento de 152% nos valores comercializados por pequenos negócios. Em 2023, esse segmento foi responsável por movimentar US$ 2,8 bilhões, o melhor resultado registrado em todos os anos anteriores a 2020, sendo menor apenas que as exportações feitas em 2021 e 2022.

As empresas do setor da indústria da transformação respondem por 72,4% dos valores exportados por pequenos negócios (crescimento de 128% entre 2013 e 2023). Em seguida, aparecem as pequenas propriedades rurais com 18,5% (crescimento de 336% em 10 anos) e as empresas da indústria extrativa (estas representam 4,4% do montante exportado pelos pequenos negócios, um crescimento de 309% no período).

Os estados com maior participação de pequenos negócios exportadores são: São Paulo (40,8%), seguido de Rio Grande do Sul (11,7%) e Santa Catarina (8,7%). No quarto e quinto lugar aparecem Paraná e Minas Gerais, com 9,7% e 9,1%, respectivamente.

Para o economista Paulo Álvares, esse crescimento não apenas reflete uma expansão econômica saudável, mas também sinaliza uma mudança estrutural na forma como as empresas brasileiras interagem com mercados globais. “O aumento das exportações por pequenas empresas pode ser atribuído a vários fatores. Primeiramente, o avanço da tecnologia e a digitalização dos processos comerciais permitiram que pequenos empreendedores alcançassem mercados internacionais com mais facilidade. Plataformas de e-commerce global, bem como ferramentas de marketing digital, têm sido essenciais para esse fenômeno”.

“Além disso, ações voltadas para o incentivo à internacionalização de pequenos negócios desempenham um papel crucial. Programas de capacitação, acesso a linhas de crédito específicas e feiras internacionais oferecem suporte fundamental para que esses empreendimentos possam expandir suas operações além das fronteiras nacionais, como o próprio ‘Sebrae Exporta’, que estimula a participação dos pequenos negócios no mercado internacional”, afirma.

Ele explica que embora o cenário seja promissor, pequenas empresas ainda enfrentam desafios significativos na internacionalização. “Questões como barreiras tarifárias, burocracia e dificuldades logísticas continuam a ser obstáculos para muitos empreendedores. Além disso, a necessidade de adequação às normas e regulamentações dos mercados externos pode ser um processo complexo. Para enfrentar esses desafios, é importante que as pequenas empresas busquem apoio em associações de comércio e consultorias especializadas. Investir em conhecimento sobre regulamentações internacionais e adotar práticas de compliance são passos essenciais para uma exportação bem-sucedida”.

Expectativas

Álvares ressalta que com as tendências de globalização e a digitalização crescente, a expectativa é que o número de pequenas empresas exportadoras continue a avançar. “A crescente conscientização sobre a importância de mercados internacionais e a melhoria contínua de apoio estão criando um ambiente favorável para que mais empreendedores brasileiros se aventurem além das fronteiras”.

“O sucesso das pequenas empresas no cenário internacional não apenas contribui para a diversificação econômica do Brasil, mas também reforça a capacidade do país de se inserir competitivamente no mercado global. Com uma base sólida e políticas de suporte contínuas, o futuro das exportações de pequenos negócios parece promissor”, conclui.