A exploração do lítio no Vale do Jequitinhonha foi tema de audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A região conta com a maior mina do Brasil, localizada na cidade de Araçuaí. Apesar da riqueza natural, a população local ainda sofre com a vulnerabilidade social.
Lideranças políticas do Município de Divisa Alegre, que abriga há mais de três décadas a Companhia Brasileira de Lítio (CBL), compareceram em peso à audiência e destacaram a importância do projeto de criação de um distrito industrial para atrair e receber novos investimentos.
De acordo com Waldemberg Moreira, advogado de Divisa Alegre, o distrito reúne características essenciais, como uma área extensa, a parceria com a própria CBL e matéria-prima disponível. São 600 mil metros quadrados às margens da BR-116, na divisa com a Bahia.
“Nós estamos discutindo a diversificação da matriz econômica do Estado de Minas Gerais e como atrair investimentos, porque temos condições de fazer a diferença. Então é preciso nos organizar. E para isso é que a gente precisa de debates como esse”, diz Moreira.
Segundo o prefeito de Divisa Alegre, Ademir Alves, o projeto para o distrito tem o custo de aproximadamente R$ 3 milhões. “Estamos geograficamente bem localizados, às margens da BR-116, a 110 km do aeroporto internacional de Vitória da Conquista e 360 km para o Porto de Ilhéus, ambos na Bahia. Esse distrito que já nasce com a Companhia Brasileira de Lítio, uma empresa 100% nacional, há mais de 50 anos, na nossa cidade e que tem contribuído muito ao nosso município. E os desafios que enfrentamos serão vencidos com muito trabalho, parcerias com o governo estadual e federal, assim como essa Casa Legislativa. É uma oportunidade histórica para transformar nossa cidade”.
A favor do novo distrito, o deputado Professor Wendel Mesquita (Solidariedade) salientou o enorme potencial da cadeia do lítio para o desenvolvimento de polos industriais. Junto à chegada de novas empresas, os municípios do entorno também ganham, com o aproveitamento da mão de obra local e a movimentação da economia.
O subsecretário de Estado de Liberdade Econômica e Empreendedorismo, Rodrigo Melo, concordou. “Esse desenvolvimento não se dará somente em uma área, em um setor, em uma atividade econômica. Pode ter até uma que é prioridade, que é aquela que puxa o primeiro vagão do pioneirismo, mas não acontece sozinho. Assim como a equipe do Estado, empresários e investidores também estão indo lá. E isso obriga que a região esteja pronta para receber os novos visitantes e o desenvolvimento que está chegando”.
“As pessoas não vão lá apenas em busca do lítio, mas também na expectativa de encontrar um bom hotel ou restaurante. Aqueles que terão que se mudar para a cidade por obrigação do trabalho, vão precisar acessar supermercado, salão de beleza e uma rede de comércio fortalecida. Isto é o desenvolvimento efetivo que nós imaginamos, desenhamos e queremos que aconteça de fato na região”, concluiu.
Para o vereador Christiano Bahia, de Divisa Alegre, o Vale do Jequitinhonha ganha uma nova perspectiva com o lítio, de valorização das pessoas do Jequitinhonha e a geração de emprego. “Para mim, aqui começa o progresso”.
Expectativa compartilhada pela prefeita de José Gonçalves de Minas, Maria Gomes, que aguarda novas oportunidades também para o município vizinho. “É um momento de grande expectativa para todos no desenvolvimento econômico do nosso Estado. Me preocupo porque nem todos do Vale do Jequitinhonha, talvez, terão o Lítio, mas que não deixe os outros municípios sem oportunidades também. Agradecemos muito porque já temos pessoas nossas empregadas, mas é importante que todos sejam olhados nesse momento”.