Nos tempos do nosso país rural, havia uma paródia que dizia: “Boi de carro, ainda sou teu companheiro. Eu tô velho, sem dinheiro. Dizem que eu já não presto mais”. A expressão é forte, mas ilustra a falta de empatia da juventude e de parentes com os idosos. Os números da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos são estarrecedores e indicam 42.995 denúncias de maus-tratos contra pessoas acima de 60 anos nos três primeiros meses deste ano, um percentual de acréscimo de 28% na comparação com o mesmo período de 2023.
Ao analisar o cenário, a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos dos Idosos da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Minas Gerais (OAB/MG), Dalva Santana, vaticina sobre os atos de violência, como a agressão física, que nem sempre deixa sinais visíveis, podendo também ocorrer empurrões, tapas e chutes. Para além dessa constatação, há o indesejado abuso psicológico, agressões verbais, desprezo, humilhações, insultos, ameaças e não permitir que a pessoa idosa manifeste sua opinião.
Dalva Santana comenta ainda a respeito da violência patrimonial, quando o indivíduo é forçado a vender bens e assinar documentos, sem explicação clara e objetiva da finalidade. Ela acrescenta o tema da negligência, perpassando pela omissão nos cuidados, tanto pelos parentes como também por quem está responsável por tomar conta dos referidos idosos.
O poder público tem cada vez mais a incumbência de implementar políticas públicas de valorização das pessoas nesta faixa etária da vida, porém, o ideal seria mais conscientização e respeito da sociedade. Pesquisas mostram que grande parte das agressões ocorrem no seio dos próprios familiares das vítimas. Isso é algo muito absurdo e asqueroso.
É importante registrar a denúncia para que as autoridades competentes possam agir, na forma da lei, punindo os autores dessa brutalidade. A ação do poder público é no sentido de inibir os atos dos maus feitores, embora as famílias também careçam ser responsabilizadas, visando promover a harmonia e a preservação dessa árvore genealógica.