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Direita volver

Nos últimos anos, impressiona o crescimento de representantes de partidos de centro-direita, e até mais radicais, que têm chegado ao poder. O alerta vem de todos os lados. A direita sempre existiu aqui no Brasil, nas Américas e também na Europa, mas agora está ganhando mais força, graças às figuras que andam defendendo suas teorias. Qualquer partido de direita mantém, em seus quadros, conservadores, democratas cristãos, liberais e nacionalistas, ou patriotas, como gostam também de serem chamados. Em alguns casos misturam nacionais socialistas e fascistas, que deixam para um segundo plano as questões políticas e econômicas, para debruçar sobre questões de gênero, raça e religião, tipo preocupação com banheiro em escola e coisas como todos, todas e “todes”.

E é justamente essa facção da direita que começa a mostrar sua cara em todos os lados do mundo. Aproveitam da situação para incrementar suas teorias em suas campanhas pelo mundo afora. Foi assim no Brasil, recentemente. A direita que esteve no poder foi completamente diferente das outras que por aqui estiveram. O modelo é o mesmo em todo mundo.

Durante o mês de fevereiro, estive em Portugal e pude acompanhar o período eleitoral, quando os portugueses foram às urnas para escolher seus representantes e aquele que seria o primeiro-ministro, cargo vago desde a renúncia de António Costa, denunciado pelo Ministério Público por atos de corrupção pelos quais foi inocentado. Durante o período de campanha se via desinteresse nos eleitores, tanto que houve uma abstenção de cerca de 38% nas eleições.

A direita pregava a melhoria da qualidade de vida dos portugueses, por melhores salários, saúde e educação, mas apresentava pautas radicais contra os imigrantes e a religião. Pregavam a desislamização do país, com propostas voltadas à criação de obstáculos para a entrada de estrangeiros ligados ao islamismo. Nos argumentos, as coisas mais absurdas, como a questão cultural. Chegaram a realizar uma manifestação no bairro Mouraria, um dos mais famosos de Lisboa e que, historicamente, foi criado pelos mouros. Lembrando que a ocupação dos mouros na península Ibérica (Portugal e Espanha) começou por volta do século 8 e durou vários séculos, influenciando a formação da língua portuguesa, bem como o estilo arquitetônico e decorativo das cidades.

O que me assustou foi a participação expressiva de jovens na manifestação que foi acompanhada pela polícia, que andou de greve durante vários dias no mês de fevereiro, reclamando por melhores salários. A direita cresceu e ganhou. Desbancou os socialistas e conseguiu conquistar mais cadeiras no parlamento.

Entre os eleitos pela direita portuguesa, tem um brasileiro, negro, imigrante que conseguiu sua cidadania, deputado pela cidade do Porto e que defende o controle maior da imigração no país. É estranho isso. A direita esquece que o país precisa dos imigrantes para trabalhar. Portugal tem uma população velha e que não aceita um trabalho para ganhar um salário mínimo de pouco mais de 800 euros, mesmo lembrando do baixo custo de vida dos portugueses. É um dos países mais baratos da Europa e também um dos mais lindos.

A questão racial também aflora pelos lados da direita. Nos Estados Unidos, Donald Trump tem apoio de supremacistas brancos, que acreditam na ideia errônea da superioridade natural do homem branco. Alimentam ideias racistas e têm forte ligação com o neonazismo. É só lembrar da Ku Klux Klan. Outra coisa: em todos os cantos acreditam que a terra é plana.