Iniciativa criada pelo movimento Levante Popular da Juventude, o cursinho popular, Podemos + BH, tem o objetivo de ajudar estudantes dos bairros Pedreira Prado Lopes, Lagoinha, Bonfim, Santo André e região a conquistarem uma vaga no ensino superior. O curso funciona desde 2018 e é gratuito, oferecendo aulas de segunda a quinta-feira, das 19h às 21h30, e disponibiliza lanche e auxílio-transporte, caso seja necessário. A sede fica na escola Municipal Belo Horizonte, no bairro Pedreira Prado Lopes.
O coordenador do Podemos + BH, Michael Douglas, conta que a turma de Belo Horizonte começou a ser pensada quando o Levante Popular da Juventude criou a rede a partir de experiências isoladas de cursinhos populares que o movimento tinha no Brasil. “Com esse processo de nacionalização, nós, militantes do Levante, entendemos que era importante que a gente tivesse em BH, no território onde a gente atuava naquele momento, e atua até hoje com a Pedreira Prado Lopes, uma ferramenta que contribuísse com a entrada de jovens no ensino superior”.
Ele ressalta que o cursinho surge com o objetivo de contribuir com a superação das desigualdades que existem no vestibular. “Queremos que a competição seja um pouco mais justa, que os nossos alunos tenham uma chance real de acessar o ensino superior com qualidade e dignidade, que muitas vezes são tirados deles. Não apenas sobre garantir uma aprovação, mas também sobre conseguir orientá-los para ter acesso à pesquisa, extensão, monitoria e também às bolsas de permanência”.
Michael Douglas afirma que o conhecimento, acima de tudo, é uma ferramenta, que deve ser usada para poder mudar a realidade que a gente está inserido. “Essa é uma preocupação que temos com os nossos educandos. Nossos materiais sempre são trabalhados a partir de várias perspectivas, por meio de uma pedagogia crítica. Sempre tentamos fazer uma análise mais aprofundada dos conteúdos que a gente trabalha. Não só focar no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mas em como isso muda, mexe e interfere na realidade dos nossos educandos e educadores”.
“Temos momentos específicos de encontros críticos, onde debatemos de forma conjunta com os alunos algum tema, com referências contemporâneas ou não, entendendo a educação como uma coisa mais ampla, que envolve cultura, lazer, música, arte e direitos de acesso à sociedade. Criamos um itinerário formativo para os alunos, que é transdisciplinar, mas que acontece fora dos muros da escola, como visitas à museus, conservatórios e parques, para que eles consigam também vislumbrar outros mecanismos de formação de conhecimento”, adiciona.
Na avaliação do coordenador, é por meio da educação que conseguimos compreender melhor as raízes dos problemas históricos que existem no Brasil. “Tipo o surgimento das periferias, porque o Estado é presente ou ausente em determinado lugar, as razões da polícia assassinar mais um grupo específico de pessoas, porque o direito à saúde é negado a uma parte da população. A formação nos permite saber que esses problemas são coletivos e não acontecem à toa. Existe todo um objetivo por trás de cada um dos temas abordados”.
“Por mais que a gente tenha várias aprovações, com alunos que vão se formar no ensino superior e obter uma ascensão social, as entradas individuais não mudam a realidade como um todo. Mas conseguimos criar uma organização popular para que esses alunos, encontrando as suas soluções individuais, se engajem também em processos de construção de soluções coletivas”, finaliza o coordenador Michael Douglas.
O Podemos + BH, se mantém através do apoio de alguns sindicatos, da Coordenadoria Ecumênica de Serviços (CESE), por parte do governo, com a cessão do espaço para a realização do cursinho, que é a Escola Municipal Belo Horizonte, na Pedreira Padre Lopes e, principalmente, pelo financiamento coletivo, que ajuda na alimentação, vale-transporte, material pedagógico e dá outros suportes que são necessários para os educandos e os educadores.
Para doar
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