Dados do Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei-MG), divulgados pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), mostraram avanço de 1 ponto em relação a fevereiro, atingindo a marca de 53 pontos. Este foi o décimo quarto mês seguido que o índice fica acima de 50 pontos no Estado, que é o limite entre a confiança e a falta dela. O resultado alcançado supera a média nacional.
O índice de otimismo dos empresários brasileiros ficou praticamente estável entre fevereiro (52,7 pontos) e março (52,8 pontos) e, ainda assim, menor que o dos mineiros. No entanto, os empresários seguem otimistas e este é o décimo mês seguido que o índice avança a casa dos 50 pontos no Brasil.
Segundo a economista da Fiemg, Daniela Muniz, a elevação da confiança dos empresários da indústria foi motivada em especial pela melhora dos indicadores econômicos. “A inflação vem desacelerando há algum tempo, enquanto o mercado de trabalho tem se mostrado resiliente, com um significativo avanço de vagas de trabalho formal, tanto em Minas Gerais quanto no Brasil”.
“Também houve a concessão de aumento real do salário mínimo, o que contribuiu para elevar o poder de compra das famílias. Para o mercado de crédito, já se nota uma redução das taxas de juros correntes de novas concessões”, completa.
A economista reforça que manter uma alta confiança por parte dos empresários é fundamental. “O otimismo os fazem contratar novos funcionários e investir em talentos que impulsionem a inovação e a competitividade. Estão mais propensos ainda a assumir riscos calculados e investir em novas ideias e tecnologias. Essa disposição para experimentar e explorar novas abordagens é essencial para impulsionar o progresso e a competitividade no mercado”.
O levantamento também mostra que, quando consideradas apenas as indústrias de grande porte, o índice fica ainda maior, chegando a 55,8 pontos. Diferente das indústrias de pequeno porte em que os empresários não estão confiantes, uma vez que o Icei marca os 47,8 pontos. Daniela explica que esse fato está relacionado a algumas questões, como o acesso a recursos financeiros.
“Normalmente, as empresas de maior porte possuem melhor acesso ao mercado de crédito que é muito restritivo ao conceder empréstimos. Elas têm mais facilidade para conceder garantia aos agentes financeiros quando necessitam do crédito. Outra questão é que companhias menores investem pouco em tecnologia e inovação, o que reduz sua produtividade e dificulta seu acesso ao mercado internacional, fazendo com que fiquem mais dependentes do mercado interno”.
Cenário brasileiro
A especialista cita que o nível de incertezas com relação à condição da política econômica diminuiu ao longo do ano passado. “Isso aconteceu após a divulgação do novo arcabouço fiscal, que reduziu os riscos de um descontrole maior das contas públicas. O recuo da inflação também foi bem maior do que o projetado no início de 2023. Somado aos estímulos fiscais realizados pelo governo federal, ao programa ‘Desenrola Brasil’, e ao desempenho do mercado de trabalho acima do projetado, impulsionou o consumo das famílias”.
Ela afirma que esses fatores ainda contrastam com dúvidas em relação às contas públicas e com o ambiente externo desafiador. “Apesar dos indicadores positivos citados, é importante que haja uma persistência na busca de políticas econômicas que reduzam o endividamento público nos próximos anos, assim como reformas que aumentem o potencial de crescimento do país para criarmos um ambiente de negócios mais favorável”, conclui.