Home > Artigo > Liberdade, ainda que tardia

Liberdade, ainda que tardia

O conceito de liberdade é vasto, atemporal e sua falta torna prisioneiros os humanos nas diversas situações que a vida apresenta. Escravos foram os povos vencidos e conquistados nas mais remotas guerras do passado. Sem liberdade, vítimas de ignóbil escravidão, foram os negros aprisionados e vendidos como mercadoria pelos que os caçavam na África e os vendia na América. Sem liberdade foram os povos colonizados, especialmente pelos europeus, em suas conquistas de além mar. Subjugados são os povos que vivem sob o regime das ditaduras, reais ou disfarçadas, pelo universo da crueldade do poder.

Subserviente tem sido a mulher ao longo da civilização humana, que fazia menor seu espaço na sociedade conservadora, machista e patriarcal. Todos lutaram e lutam pela liberdade, esta asa imaginária que busca o infinito em seus voos de sonhos e esperança. O certo é que quanto mais a buscamos mais seus territórios se ampliam para sua conquista plena. Aqui vale a reflexão de Aristóteles, o filósofo grego, que só entendia a verdadeira liberdade acompanhada do conhecimento, a única ferramenta que aumenta as possibilidades de escolha e torna, o indivíduo, mais livre e capaz de realizar sua finalidade na vida, a busca da felicidade.

Não podemos esquecer do nosso maior herói, Tiradentes, que no cadafalso onde ia ser imolado, em sua última fala, se manifesta: “Mil vidas eu tivesse, mil vidas eu daria pela libertação de minha Pátria”. Tancredo Neves, o grande e último mineiro a ocupar destaque político no Brasil, gostava de citar esta frase e acrescentava em seus discursos, que nosso herói, “enlouquecido de sonhos buscava para os mineiros e brasileiros seu próprio destino, libertos das amarras impostas pela coroa portuguesa”. Imposta, especialmente, pelos impostos e retenção do conhecimento, por eles considerado um bem estratégico.

Vale lembrar que os espanhóis, tão colonizadores quanto os portugueses, instalaram em Lima, no Peru, em 1555, a primeira universidade da América Latina, a São Marcos. Fato só acontecido no Brasil em 1825 com a instalação das Faculdades de Direito São Francisco, no Recife e São Paulo. Quase três séculos depois, deixando muito claro os diferentes métodos de como colonizar. Conhecimento era, e é, uma poderosa arma de libertação, a mais atual fronteira a ser vencida pelos brasileiros, além de importante forma de fazer justiça social.

Esta reflexão é para chegar a um ponto fundamental e inflexível de nossas vidas – a quem interessa a falta de educação e conhecimento de nosso povo? Qual a razão de termos mais de 20% da população de analfabetos e outros mais de 25% de semianalfabetos? Como vimos, a cada tempo a liberdade representa uma carência a ser rompida, já nos livramos da escravatura, da condição de colônia, a igualdade de gêneros avança, a mulher atual a cada dia conquista mais espaços na sociedade, pelos seus méritos e resistência.

Temos que lutar, muito, para rompermos a última barreira e tornarmos iguais nossos irmãos brasileiros, conhecedores e com acesso à informação, capazes de traçar seus próprios destinos, escolher seus caminhos na busca da felicidade. Acender a luz do conhecimento e acabar com a escuridão da ignorância, encontrar nova realidade, ter poder de optar e ter liberdade, consciência, livre de tutelas tóxicas e enganosas.