Aconstrução de uma ciclovia ao longo da Avenida Afonso Pena tem sido alvo de polêmicas. Enquanto alguns grupos são a favor da implantação da via, outros são contra e argumentam que é necessário o investimento em outros modelos de transporte em Belo Horizonte.
O espaço para o deslocamento de bicicletas faz parte do projeto de revitalização da avenida. Ao todo, serão 4,2 km que vão da Praça Rio Branco até a Praça da Bandeira. A previsão é que seja entregue à população no segundo semestre de 2024. Também estão previstos o tratamento de calçadas e a criação de faixa exclusiva de ônibus.
O ativista da mobilidade urbana e fundador do canal Ciclo Rota BH, Cristiano Scarpelli, avalia que o primeiro benefício que a ciclovia vai trazer a quem pedala é a segurança. “Elas vão deixar de transitar entre os carros ou na calçada e ficar mais à vontade para a prática do exercício. Isso poderá incentivar outras pessoas a utilizarem a bicicleta, como para ir ao trabalho ou até mesmo outros compromissos”.
“Em Belo Horizonte, temos pesquisas mostrando que 30% dos deslocamentos feitos de carro são menores do que 5 km, então daria para muitas pessoas também o fazerem de bicicleta. São diversos ganhos de transporte alternativo e sustentável”, complementa.
Na visão de Scarpelli, a ciclovia pode diminuir o trânsito de veículos na região. “Quando se reduz as faixas de rolamento para fazer calçada, ciclovia ou qualquer coisa que não pistas para os carros, diminui a demanda por tráfego. É uma forma de incentivar outro meio de transporte, como a bicicleta, e desestimular o uso do automóvel”, conclui.
Baixa adesão
Por outro lado, o ex-presidente do Conselho de Política Urbana da Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais (ACMinas), José Aparecido Ribeiro, é contra a construção da ciclovia ao longo da Afonso Pena. “O número de bicicletas na cidade é muito pequeno, representando cerca de 0,06%. Isso é insignificante perto do número de 2,5 milhões de carros que necessitam de vias”.
Ele argumenta que a população de Belo Horizonte não aderiu ao deslocamento por bicicletas. “Vai na Avenida Olegário Maciel ou na Rua Fernandes Tourinho e conta quantos carros e bicicletas passam. As bikes conseguem atrapalhar o fluxo de uma região inteira e as ciclovias ficam às moscas praticamente o tempo inteiro”.
A topografia de Belo Horizonte é outro impeditivo para o maior uso de bicicletas na cidade, segundo Ribeiro. “Fica difícil para alguém que mora no Buritis ir para a Savassi de bike por conta da pista íngreme. Para retirar carros da rua, são necessários investimentos em outros modais de transporte coletivo, como o metrô, monotrilho ou VLT”, finaliza.