No dia 4 de março, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) anunciou a prorrogação do banimento das torcidas organizadas Galoucura, do Atlético, até março de 2026, e da Máfia Azul, do Cruzeiro, até março de 2028. A medidaveio após o confronto entre as duas organizadas antes da última rodada do Campeonato Mineiro.
De acordo com o MPMG, estão proibidos o uso, porte e exibição de qualquer vestimenta, faixa, bandeira, instrumento musical ou objetos que possam caracterizar a presença da torcida nos estádios ou respectivos entornos nos dias de jogos, em um raio de cinco quilômetros em todo o território nacional.
Na avaliação do especialista em segurança pública, Luís Flávio Sapori, o banimento não fará com que os episódios de violência entre torcidas organizadas diminuam. “Esse é um fenômeno que vem ocorrendo há algumas décadas. É necessário aumentar a punição às torcidas organizadas, como forma de induzir que elas mudem seus comportamentos durante os eventos esportivos e parem de estimular a agressividade e o confronto entre os rivais”.
Sapori lembra que esses confrontos, como o que aconteceu no dia 2 de março e que deixou um morto e duas pessoas feridas, acontecem longe dos locais das partidas. “Boa parte destas brigas, tem acontecido em bairros distantes das sedes das torcidas e dos estádios. O mero banimento dos estádios não vai acabar com a violência”.
Ele ainda explica que Galoucura e Máfia Azul possuem um longo histórico de confrontos. “As duas são antigas, as mais fortes e têm uma cultura organizacional muito peculiar. Seus dirigentes, ao longo do tempo, ficaram sustentando essas práticas violentas de confronto, treinando membros com artes marciais, o uso de armas brancas e de fogo. Isso não acontece aleatoriamente, são fenômenos típicos organizados e que não são vistos em outras torcidas”.
O especialista conclui dizendo que é necessário que o Ministério Público tome medidas mais duras contra as torcidas organizadas. “Para além do banimento, a possibilidade de uma auditoria firme nas finanças de ambas as torcidas, verificar a possibilidade do fechamento delas do ponto de vista legal, principalmente, a responsabilização criminal e civil de seus dirigentes por esses atos de vandalismo e de morte”.