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Campeonato estadual tem que ser avaliado

O primeiro compromisso dos clubes de futebol no começo do ano é a disputa do campeonato estadual. Pelo Brasil, são diversas fórmulas de classificação na primeira fase dos campeonatos. Cada federação realiza reunião com os clubes para saber como será feita a disputa. A partir disso, a entidade estadual do futebol define a tabela de disputa, que gera opiniões divergentes entre jornalistas e torcedores.

Acompanho o futebol há décadas, sou a favor do campeonato estadual, que dá condição dos clubes do interior participarem do certame, a torcida interiorana ficar ligada ao seu clube e valorizar sua cidade, além de ter a oportunidade dos clubes, como Atlético e Cruzeiro, jogarem em sua cidade.

Na minha opinião, são necessárias muitas mudanças, como a federação de futebol dar mais incentivos aos clubes, pois toda partida realizada pelo Campeonato Mineiro, a entidade recebe 10% da renda bruta (se o jogo teve R$ 1 milhão de renda, a federação recebe “limpinho” R$ 100 mil). Com este dinheiro, sabemos que tem de pagar funcionários de vários setores administrativos e outras despesas internas. Mas o investimento tem que ser realizado nas melhorias dos estádios, pois alguns estão com gramados em situações preocupantes, que podem prejudicar o bom futebol, ou até lesionar os jogadores.

Aqui em Minas Gerais, a tabela deveria ter jogos com os 12 clubes, ou seja, 11 rodadas. Terminando a primeira fase, os 4 primeiros disputam a semifinal, do quinto ao oitavo clube, disputa da Taça Minas Gerais, enquanto do nono ao décimo segundo clube na disputa da Copa Inconfidência. Ter que inovar para que os clubes não façam apenas times de 3 a 4 meses para disputa e depois que termina o campeonato, dispensam os jogadores e comissão técnica. A premissa de que um torneio de apenas 3 meses de duração, obriga a maioria dos seus clubes a suspender suas atividades nos outros 9 meses, não pode ser considerada “profissional”.

Na situação atual do campeonato, a razão da permanência dos estaduais como estão se dá por razões bem pouco lógicas, ao menos não no sentido financeiro (viabilidade), esportivo (competitividade) ou popular (atratividade). Enquanto se discute o estadual a partir da perspectiva dos clubes, na realidade atual é que ele condena uma imensa quantidade de clubes a “não existir” durante a maior parte do ano. Se para uma pequena minoria há “excesso de jogos”, para a ampla maioria há total escassez, inatividade e precariedade.

Pelo país, a situação também tem que ser melhor avaliada e organizada. Este ano, nove Estados não terão representantes nas três principais divisões nacionais (séries A, B e C), enquanto seis terão apenas um representante. Outras quatro federações mandarão dois participantes, o que também não é um número relevante.

A depender do número de participantes desses estaduais (que varia de 8 a 12 clubes) e do número de vagas que a federação tem direito na série D (que varia de 1 a 4), é de se imaginar que muitos clubes ficam inativos assim que acaba o certame estadual, exceto nos casos em que existem copas secundárias no segundo semestre, mas que também curtas.

Mesmo desconsiderando aqueles clubes que estão fora da elite local (que jogam segunda, terceira ou até quarta divisão dos estaduais), o quadro a seguir permite observar quantos clubes brasileiros reduzem suas temporadas a meros 3 meses. São os clubes que suspendem suas atividades enquanto esperam uns poucos coirmãos voltarem dos certames nacionais (mesmo que seja uma curta série D).

Sabemos que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) está uma verdadeira bagunça nos últimos anos. Ex-presidentes presos, o atual foi deposto e voltou, através do Supremo Tribunal Federal (STF). É necessário que a entidade “organizadora” do calendário do futebol brasileiro faça um trabalho sério e determinante que vem refletindo diretamente nas federações estaduais e, consequentemente, nos clubes. Os “cartolas” precisam sentar com muita antecedência para organizar os estaduais e fortalecer os clubes do interior, porque muitos deles sumiram, fecharam as portas, a história ficou apenas nos livros, as fotos “amarelas” nas casas dos antigos dirigentes e torcedores, restando o saudosismo do clube.