O ser humano, ao longo de sua história, encontrou na política a melhor forma de criar meios e diretrizes para organizar-se socialmente. Nela está o melhor caminho para governar, administrar o patrimônio público além de buscar, ou promover, o bem-estar de todos os segmentos da comunidade. A capacidade de mediar conflitos é o fator essencial para governar, já que o princípio da democracia é exatamente dar a quem pensa diferente a oportunidade de se expressar e ser ouvido.
Ser político, para o detentor do cargo público, é fator inerente à sua ocupação, é saber conduzir sua gestão de forma a mediar conflitos existentes, de modo que todas as partes sejam ouvidas, se possível atendidas, ou aceitem a razoável conquista. A guerra ou a anarquia é o contrário da política. Estes princípios básicos nos levam a uma pergunta lógica: Temos exercido a política nos diversos níveis da administração brasileira em busca do bem-estar de todos e da comunidade?
Não é o que parece. Deixemos a esfera nacional e estadual para os analistas profissionais da política e fiquemos com nosso exemplo paroquial de Belo Horizonte. É de entristecer o que temos visto entre a Câmara e o Executivo Municipal. As mais bizarras acusações, mais parecendo brigas e intrigas de comadres, a tomar conta do cotidiano, deixando os reais problemas da cidade afastados do foco principal de nossos homens públicos, políticos que desconhecem a elementar arte do diálogo.
Há uma disputa de poder, silenciosa, a não permitir o entendimento em favor da solução dos inúmeros problemas da cidade. Não há como dar razão a uma das partes, até porque não há transparência que pudesse ajudar a fazer um justo juízo. Infelizmente, formaram blocos dos “a favor” a qualquer custo e dos “contra” sem razão. Forças estranhas à administração passaram a atuar de formas irresponsáveis e prejudiciais à vida normal da comunidade, que tanto precisa da atuação eficiente do poder.
Os reflexos disso podemos assistir no cotidiano das áreas mais sensíveis de nossas vidas. O caos no transporte público, as crises permanentes na saúde pública, a degradação de longo prazo no ensino, a miséria espalhada através dos moradores de rua, uma cidade suja e muitos outros graves problemas a afetar nossa normalidade.
Vereadores não aceitam os projetos do Executivo, especialmente os de busca de recursos, empréstimos, para realização de necessárias obras. Pelo seu lado, o Executivo não se compromete a fazer estas obras sem os recursos solicitados. As intervenções que propõe realizar são alvo de críticas severas dos vereadores. Exemplo da ciclovia na Avenida Afonso Pena, e outras modificações no seu trajeto. No mundo inteiro, como Lisboa, Berlim, Munique, Boston, Dublin e Barcelona, os centros históricos estão sendo reformados, retirando ao máximo o trânsito de carros particulares em favor do transporte público. Quarteirões estão sendo fechados, humanizando estas áreas centrais, criando espaços de convivência e lazer. Naturalmente, estão realizando o que é necessário através do diálogo com a comunidade e os demais poderes.
Quanto à administração do Estado de Minas Gerais e do Brasil, não precisamos falar muito. É a repetição do que acontece em nossa paróquia, só que em proporções muitas vezes multiplicadas.