A Seleção Brasileira de futebol conquistou o título mundial em 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002. É o único país do mundo pentacampeão de futebol masculino. Em 2022, pelo balanço da entidade, o lucro líquido foi de cerca de R$ 1,2 bilhão com recursos oriundos de patrocinadores, rendas de jogos do Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil, amistosos pelo mundo (nem sempre com os melhores países do melhor futebol), sempre no “famoso caça-níquel”, com equipes da Ásia e África, nunca com países europeus.
Infelizmente, este lucro enorme nunca é investido no futebol brasileiro, seja nos clubes da série A, série B e, principalmente, séries C e D, que passam dificuldades para manter as equipes em campo. Não queremos que roubem o dinheiro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), mas que seja bem aplicado na melhoria do futebol brasileiro, que vem caindo no ranking da Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA). A Seleção Brasileira não ganha uma Copa do Mundo desde 2002.
Para piorar a situação, pelos quatro cantos da sede da CBF, os bastidores continuam agitados e ainda sem rumo. A Seleção Brasileira é, hoje, apenas um retrato na parede. O que virá por aí, ninguém sabe. O ano de 2024 começa sob o estigma da incerteza.
Ednaldo Rodrigues foi deposto do cargo de presidente da entidade no dia 7 de dezembro de 2023, após decisão da 21ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. De acordo com os desembargadores, o Termo de Acordo de Conduta (TAC) feito entre o Ministério Público (MP) e a CBF é ilegal, pelo fato de o MP não ter legitimidade para atuar em assuntos internos da confederação. O órgão público não poderia interferir no tema por se tratar de uma entidade privada, segundo a decisão. O processo corre na Justiça há mais de um ano e diz respeito ao TAC. O documento foi um facilitador para a eleição que permitiu Ednaldo Rodrigues chegar ao cargo de presidente da confederação. Mas alguns vices da gestão anterior questionam a legitimidade do acordo.
O deposto presidente Ednaldo Rodrigues, que voltou ao cargo no dia 4 de janeiro, pelas mãos da canetada do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, disse que estava tudo certo com o técnico italiano Carlo Ancelotti, que deveria chegar em julho para treinar a Seleção Brasileira. E o técnico declinou o convite, preferindo continuar no Real Madrid. Não era uma escolha tão difícil assim, se pensarmos friamente. Especialmente agora, com tanta confusão envolvendo a presidência da CBF, mas não somente pelos fatos mais recentes. Em sua volta à CBF, a primeira medida do presidente foi demitir o técnico interino Fernando Diniz. Coisa mais triste é a Seleção Brasileira tendo um técnico interino.
A CBF sempre está envolvida em alguma polêmica e a entidade é uma caixa preta. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), onde são julgadas expulsões de jogadores, técnicos e confusões nos gramados e estádios com torcedores, também funciona na sede da CBF, o que não poderia acontecer, porque são entidades diferentes, uma de futebol e a outra de julgamento. E isso acaba respingando em todas as esferas, criando uma imagem negativa do futebol brasileiro, sobretudo no exterior.
A FIFA ameaçou intervir no comando do futebol brasileiro com sanções esportivas, o que seria uma vergonha mundial. O ex e atual presidente Ednaldo Rodrigues saiu e voltou e ninguém sabe como estão os bastidores no suntuoso prédio da entidade no Rio de Janeiro. Tem um projeto de lei no Senado Federal para a mudança da sede da CBF para Brasília, pois os senadores alegam que clubes do Rio de Janeiro são beneficiados com a entidade na capital carioca. A proposta ainda está em análise.
O antecessor dele, Rogério Caboclo, foi retirado do cargo após denúncias de assédio sexual e moral a funcionárias. Na época, foram revelados áudios de conversas perturbadoras de Caboclo com mulheres, situações constrangedoras e intimidadoras. Não é complicado encontrar matérias da época com a transcrição dos diálogos. A primeira acusação resultou na suspensão do cartola por 21 meses pela Comissão de Ética da CBF (confirmada pela Assembleia Geral) e, após investigação pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, houve um acordo em que Caboclo pagou R$ 100 mil para não ser processado. Outra denúncia foi arquivada a pedido do Ministério Público e, na terceira, o dirigente obteve um habeas corpus que levou ao trancamento da ação.
A bagunça é tão grande na CBF que está refletindo no gramado, visto que a Seleção Brasileira está em sexto lugar entre os 10 países na disputa para as eliminatórias da Copa do Mundo. Classificam seis países diretos, o sétimo disputará uma repescagem com um país da Oceania. Imaginem o Brasil, que é pentacampeão mundial, não conseguir participar da Copa de 2026. Dizem que muitas coisas vão mudar na CBF, como “promete” o ex e atual presidente Ednaldo Rodrigues. Uma delas é a contratação do técnico Dorival Júnior, assim esperamos. Feliz ano novo!