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15 milhões de pessoas podem ficar inadimplentes por causa do Natal

24% das pessoas costumam gastar mais do que podem – Foto: Freepik.com

O fim de ano está chegando e com ele vem o aumento nos gastos, principalmente por conta das compras de presentes e das comemorações. Conforme um estudo feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 33% dos consumidores que pretendem presentear alguém no Natal possuem contas em atraso, sendo que 69% estão com o nome sujo.

O levantamento mostra que 24% dos que devem adquirir presentes no Natal costumam gastar mais do que podem e que 9% pretendem deixar de pagar alguma conta para adquirir os presentes. Estima-se que 15,2 milhões de consumidores fiquem inadimplentes em seus compromissos financeiros devido às compras para a data.

De acordo com os entrevistados, 9% devem deixar de pagar alguma conta para participar das festas natalinas e 8% farão o mesmo para comparecer nas comemorações de Ano Novo. As principais faturas que deixarão de ser pagas são: internet (19%), TV por assinatura (17%), água e luz (16%) e cartão de crédito (13%).

Para a presidente da Associação Brasileira de Profissionais em Educação Financeira de Minas Gerais (Abefin/MG), Lusciméia Reis, o índice de 15,2 milhões de consumidores potencialmente inadimplentes é uma preocupação considerável. “Este número expressivo representa não apenas uma cifra estatística, mas um alerta para a necessidade de políticas e ações voltadas para a conscientização financeira e práticas de consumo responsáveis. Exige atenção do governo, em especial do público-alvo mais inadimplente, que são os jovens e as mulheres”.

Ela ressalta ainda que o impacto da inadimplência nas famílias vai além das questões financeiras. “É importante destacar os efeitos emocionais desencadeados pelo estresse financeiro. Pessoas sob essa pressão muitas vezes enfrentam desafios psicológicos significativos, como ansiedade e tensão. Portanto, mitigar a inadimplência não é apenas uma questão econômica, mas uma preocupação abrangente com o bem-estar”.

O presidente da CNDL, José César da Costa, alerta para a importância de o consumidor evitar o excesso de gastos. “Muitas famílias já estão endividadas, por isso, a prioridade deve ser o pagamento das contas. O recomendável é não se deixar levar pelas emoções e planejar as despesas de acordo com o orçamento, sempre priorizando a quitação das faturas”.

Endividamento cai

Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 76,6% das famílias brasileiras afirmaram ter dívidas a vencer em novembro, registrando queda de 0,3% no número de endividados, comparado ao mês anterior.

Com isso, o volume de endividados chegou ao menor nível desde janeiro de 2022. No ano, o índice apresentou uma redução ainda maior, de 2,3 pontos percentuais. Do total de pessoas com dívidas, 17,8% se consideram “muito endividadas”, com primeira redução do percentual após dois meses de aumento, enquanto a maior parte (30,7%) alegou estar “pouco endividada”.

Conforme o estudo, o cartão de crédito continua sendo o ativo mais utilizado entre os endividados, representando 87,7% do total de devedores, com um aumento significativo em relação ao mesmo período do ano anterior. O crédito consignado e o financiamento imobiliário também registraram avanços (0,5 e 0,4 ponto percentual, respectivamente), enquanto as demais modalidades perderam representatividade na carteira de crédito dos consumidores.

Lusciméia esclarece que a queda consecutiva no endividamento das famílias brasileiras, nos últimos meses, pode ser atribuída a uma combinação de fatores. “Como políticas econômicas eficazes, redução das taxas de juros, estabilidade macroeconômica e aumento da confiança do consumidor”.

“Avaliar se essa tendência de declínio no endividamento vai permanecer requer uma análise contínua dos indicadores econômicos, políticas governamentais e fatores externos. Uma perspectiva otimista dependerá da capacidade de manter políticas econômicas sólidas e da resiliência das famílias diante de desafios futuros”, finaliza.