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Metade dos jovens entre 16 a 24 anos sentem impactos da ansiedade ecológica

Foto: Freepik.com

 

Dados da pesquisa “Ecoansiedade entre Jovens: Resiliência e Demanda por Ação Climática”, realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mostram que 57% dos jovens entre 16 a 24 anos experimentam ansiedade ecológica. A ecoansiedade são as emoções relacionadas às mudanças climáticas e suas consequências no planeta, como queimadas, inundações, desastres naturais. Por enquanto, não é considerada uma doença, no entanto, devido à grande preocupação decorrente da emergência climática atual, pode ocasionar transtornos psicológicos.

A Associação Americana de Psicologia (APA) descreve a ecoansiedade como “o medo crônico de sofrer um cataclismo ambiental que ocorre ao observar o impacto, aparentemente irrevogável, das mudanças climáticas, gerando uma preocupação associada ao futuro de si mesmo e das gerações futuras”. Por isso, considera que a interiorização dos grandes problemas ambientais que afetam o planeta pode ter sequelas psicológicas, mais ou menos graves, em algumas pessoas.

A psicoterapeuta Ellen Oliveira diz que a sensação de impotência e frustração surge com a ação insuficiente dos poderes e a falta de consciência em outros setores da população. “Costuma afetar sobretudo aqueles com mais consciência ecológica. Dentre os sintomas estão ansiedade, estresse, distúrbios do sono, nervosismo, entre outros. Nos quadros mais graves, a ecoansiedade pode provocar uma sensação de asfixia e até depressão. Nesse último grupo é bastante comum que as pessoas expressem culpa pela situação do planeta. No caso de ter filhos, esse sentimento pode se agravar ao pensar no futuro deles”.

Ela explica que não há um diagnóstico oficial, no entanto, profissionais de saúde mental podem avaliar os sintomas apresentados pela pessoa e considerar se estão relacionados a preocupações ambientais excessivas. “A depender dos sinais e da gravidade do problema, o tratamento pode envolver diferentes abordagens. A psicoterapia é uma delas, pois ajuda a identificar e a modificar padrões de pensamentos e comportamentos que contribuem para a ansiedade. Em outros casos, pode ser necessário o uso de medicamentos, como antidepressivos ou ansiolíticos, sob orientação profissional adequada”.

No Brasil, 57% dos entrevistados se mostram ansiosos sobre as mudanças do clima, sendo que os países com maior ansiedade climática são Filipinas (79%), Turquia (73%) e África do Sul (64%).

Os maiores problemas que a juventude tem enfrentado estão relacionados ao calor ou frio excessivos (de acordo com 83% dos entrevistados), mudanças nas temporadas secas ou chuvosas (81%) e poluição do ar (77%). O levantamento também mostra que a maioria dos jovens se enxergam como otimistas (66%), mas apenas 16% afirmam envolvimento em ações diretas pensando no combate às mudanças climáticas. Os jovens têm formas para lidar com as mudanças climáticas, dentre elas, 33% dizem que buscam reconhecer as realidades vividas, 30% afirmam ensinar a si mesmos e outros como gerar impactos positivos, já 27% dos entrevistados relatam que a chave é a participação ativa em iniciativas de combate às mudanças climáticas.

Eles também esperam, e têm demandado, mais ações governamentais e informações realistas. 33% aguardam soluções dos governos federais, enquanto 30% esperam algo da Organização das Nações Unidas (ONU) ou das organizações internacionais e 29% dizem que este papel deveria ser dos governos locais, além de terem expectativas por empregos mais sustentáveis e soluções práticas.

“É algo real e preocupante que, infelizmente, a geração mais nova está tendo que enfrentar, mesmo não sendo a principal responsável. É importante a adoção de práticas de autocuidado e de redução do estresse, como atividades físicas regulares, alimentação saudável e diminuir o consumo de notícias relacionadas ao meio ambiente. Além disso, iniciar mudanças com hábitos simples em prol da natureza e cobrar governantes por iniciativas reais que farão a diferença”, finaliza Ellen.