Operadoras ainda enfrentam dificuldades para implementação da rede
No dia 6 de julho, completou um ano da chegada da tecnologia 5G no Brasil. Hoje, apenas 184 dos 5.570 municípios contam com a rede móvel de quinta geração, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). De acordo com dados do Sindicato das Empresas de Telecomunicações e Conectividade (Conexis), o 5G já alcançou mais de 10 milhões de usuários nessas cidades. A expectativa é de que esse número aumente ainda mais durante este ano, pois 1.610 municípios já receberam autorização da Anatel para ativar o sinal.
De acordo com o especialista em tecnologia Ruy Rede, o avanço do 5G ainda é pequeno perto do que ele pode oferecer. “As propagandas criaram a expectativa de um mundo com experiências incríveis, porém, os usuários ainda vivem os mesmos problemas de conexão. Talvez, o lado de games tenha sentido melhor esta evolução, mas ainda há muito a se fazer para que a tecnologia tenha seu aproveitamento”, avalia.
O especialista também aponta que as companhias de telefonia não têm um incentivo financeiro para acelerar esses processos. Com isso, querem acentuar os investimentos feitos nas tecnologias anteriores. “As empresas ainda não descobriram a fórmula ideal para transformar essas novidades do 5G em margem de lucro. O pensamento não está errado, mas atrasa o processo de chegada da tecnologia às mãos do cliente final”.
Ruy afirma que, apesar de empolgante, a tecnologia precisa ser útil e economicamente viável para se manter. “Já existem telefones e outros produtos conectados à internet suficientes no mercado para que as empresas criem novos serviços e produtos baseados nessa nova realidade. Há demanda para absorver a criatividade de muitas coisas que os usuários finais sequer imaginam a existência”, ressalta.
Ele lembra que o 5G abriu muitas possibilidades. No entanto, ainda aguarda agentes inovadores e até mesmo inventores de produtos para a nova tecnologia. “Esses personagens farão com que a utilização da rede aconteça em uma rapidez típica dessa geração tecnológica. Historicamente, o telefone levou mais de 50 anos para atingir 50 milhões de usuários e a internet um pouco mais de 3 anos”.
Dificuldades
O especialista em Gestão Ágil e Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) e Diversidade e Cultura, Rogério Brum, aponta algumas barreiras para o avanço do 5G no Brasil. “A implantação requer uma infraestrutura robusta de redes e torres de transmissão, o que pode ser um desafio em um país de dimensões continentais como o nosso. A expansão e modernização da infraestrutura existente são essenciais para viabilizar a cobertura adequada”.
De acordo com Brum, questões relacionadas a regulação também atrapalham a rápida instalação da rede no país. “O ambiente regulatório desempenha um papel importante na evolução do 5G. A definição de regras claras, justas e equilibradas para a participação das operadoras, a proteção de dados, a segurança cibernética e outros aspectos relacionados são fundamentais para promover a adoção da rede móvel de quinta geração. Superar essas barreiras exigirá esforços coordenados de todos os envolvidos, a fim de acelerar o avanço do 5G no Brasil”.
Sobre o 5G
O 5G é a quinta geração de redes de comunicação móvel, que representa um avanço significativo em relação às anteriores, como o 3G e o 4G. Essa tecnologia é projetada para oferecer velocidades de conexão mais rápidas, maior capacidade de rede e menor latência, além de suportar uma variedade de dispositivos e aplicativos conectados. Além disso, o 5G tem uma capacidade de rede muito maior, o que significa que pode lidar com mais dispositivos conectados simultaneamente.
Próximos passos
Segundo dados da Anatel, 1.610 municípios já foram liberados para receber o sinal, outros 1.377 possuem o planejamento aprovado e 2.583 cidades ainda vão ser abrangidos pelo sinal. A expectativa da agência é que todas as cidades recebam o 5G até 2029.