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Minas já confirmou 11 casos e quatro mortes por febre maculosa em 2023

Diagnóstico precoce e início imediato do tratamento são fundamentais / Arte: Deise Meireles/SES-MG

 

De acordo com dados do Ministério da Saúde, o Brasil registrou 2.059 casos de febre maculosa de janeiro de 2013 a 14 de junho de 2023. Desse total, 1.292 ocorrências foram na região Sudeste. No estado, segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), quatro mortes pela doença foram confirmadas e 11 episódios da enfermidade foram registrados neste ano, sendo as regiões Central, Vale do Aço, Leste e Sul as que apresentaram o maior número de ocorrências.

A Fundação Ezequiel Dias (Funed), que é o laboratório de referência nacional para febre maculosa e outras riquetsioses, também registrou um aumento considerável no número de amostras recebidas com suspeita da doença. Somente no mês de junho, 160 amostras deram entrada na Funed, sendo 80% de Minas Gerais e os outros 20% dos estados do Ceará, Distrito Federal, Goiás, Pernambuco, Rio de Janeiro e Tocantins.

O infectologista da Unimed-BH, Adelino Melo, explica que a febre maculosa é uma doença causada pela bactéria Rickettsia rickettsii, que é transmitida por carrapatos contaminados, sendo considerada uma zoonose. “A principal espécie responsável pela transmissão é o carrapato-estrela. É necessário que o parasita esteja aderido à pele por pelo menos 4 horas para permitir a transmissão da bactéria”.

Melo pontua que os principais sintomas da enfermidade incluem febre alta, dor de cabeça, dores musculares e articulares, manchas vermelhas na pele, náuseas, vômitos e cansaço. “Geralmente, eles não aparecem de forma imediata, pois o período de incubação da doença varia de 2 a 14 dias, após a picada do carrapato infectado”.

Ele ainda alerta que a febre maculosa pode ser confundida com outras doenças febris. “Como dengue, leptospirose ou Chikungunya. Portanto, é importante considerar o histórico recente de exposição a carrapatos e buscar assistência médica para um diagnóstico preciso”.

 

Diagnóstico e tratamento

Melo destaca que o diagnóstico da febre maculosa é realizado por meio da avaliação dos sintomas clínicos, histórico de exposição a carrapatos e exames laboratoriais. “O tratamento envolve o uso de antibióticos para prevenir problemas graves”.

Segundo o infectologista, as principais complicações da enfermidade incluem o comprometimento dos órgãos, como o fígado, rins, pulmões e sistema nervoso central. “Se não tratada adequadamente, a doença pode levar a problemas graves ou até mesmo à morte. A febre maculosa tem cura e a maioria dos pacientes se recupera completamente. No entanto, o diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento são fundamentais”.

Para evitar a febre maculosa, Melo afirma que é importante adotar algumas medidas de prevenção. “Não frequentar áreas infestadas por carrapatos; usar roupas protetoras, como calças compridas e camisas de mangas longas, ao entrar em áreas de mata; aplicar repelentes de insetos; verificar o corpo em busca de parasitas, após atividades ao ar livre; e manter os animais de estimação protegidos. Por último, quando encontrar um carrapato aderido a pele, fazer a remoção cuidadosa com a pinça, evitando esmagar o parasita”.

 

Carrapatos no Brasil

O professor do Departamento de Zoologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Almir Pepato, relata que no Brasil há, pelo menos, 60 espécies formalmente registradas de carrapatos. “Mas esse número, na verdade, deve ser bem maior. Porque de fato faltam pesquisadores que trabalham coletando, identificando e descrevendo espécies do grupo”.

Ele pontua que na região Sudeste é onde ocorre com mais frequência o aparecimento do carrapato-estrela. “Em relação ao período do ano, geralmente a época seca, que vai até setembro e outubro, costuma ser o momento de maior prevalência da doença”.

Pepato finaliza dizendo o que o poder público poderia fazer para diminuir o número de casos. “Uma boa manutenção das áreas verdes, testes para detecção de equinos, outros animais e dos próprios carrapatos encontrados livres. Isso poderia ser feito em parceria com as universidades. Também isolar locais que possam estar com infestação dos parasitas contaminados”.