Com base na atual expectativa de alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 1,2%, as famílias brasileiras deverão gastar cerca de R$ 6,7 trilhões ao longo deste ano, o que representa um aumento real de 1,5% em relação a 2022. Os dados são da pesquisa de Índice de Potencial de Consumo (IPC Maps 2023).
Segundo Marcos Pazzini, sócio da IPC Marketing Editora e responsável pelo estudo, a movimentação ainda é baixa em comparação ao incremento de 4,3% verificado no ano passado, quando a economia se reergueu dos reflexos negativos da pandemia, somado aos repasses de valores significativos, através de programas sociais à população mais carente. “As benesses do então governo federal deixaram um saldo negativo ao atual, que não tem condições financeiras, pelo menos por enquanto, de puxar o progresso econômico por meio do consumo das famílias, principalmente aquelas de baixa renda”, avalia.
Por outro lado, o levantamento indica a ampliação em 5% do perfil empresarial no país, resultando em mais de 1 milhão de novas unidades nos setores de indústria, serviços, comércio e agribusiness. Outro destaque é a região Sul que, devido ao processo de migração social positiva, com uma quantidade maior de domicílios nas classes mais altas, recupera sua tradicional vice-liderança e ultrapassa o Nordeste no ranking de consumo entre as regiões brasileiras. “Enquanto a média nacional da evolução nominal do potencial de consumo é de 7,5%, no Sul esse número é de 9,4%, graças ao desempenho das classes A, B1 e B2 que apresentam uma elevação de, respectivamente, 19,7%, 13,6% e 20,4%”, explica o pesquisador.
O trabalho mostra, ainda, uma ligeira alta na participação das 27 capitais no mercado consumidor de 29,07% para 29,08%, após anos de quedas consecutivas. Em ascensão, também estão as regiões metropolitanas, que passam a responder por 16,92%, enquanto o interior reduz sua presença para 54% no cenário nacional.
Pazzini lembra que, de 2022 para 2023, a quantidade de empresas subiu 3,5% no interior e 6,7% nas capitais e regiões metropolitanas, contra 5% da média nacional. “Esse cenário pode ser explicado pelo home office, pois mesmo que a empresa funcione em grandes centros, ela não necessita mais de áreas amplas de escritórios. Aliado a isso, há uma oferta maior de imóveis corporativos para locação, com preços inferiores aos praticados antes da pandemia”, afirma.
Quanto aos hábitos de consumo, esta edição da IPC Maps confirma a elevada despesa com veículo próprio, superando diversos setores, inclusive o de alimentação e bebidas no domicílio, em função, sobretudo, da crescente demanda por transportes via aplicativo e delivery, tanto pelo consumidor, quanto pelos trabalhadores.
Cenário regional
O Sudeste segue liderando o ranking das regiões, respondendo por 49,1% do consumo nacional. Neste ano, a população de Minas Gerais deve consumir R$ 682 bilhões. Os moradores das cidades vão gastar R$ 624,9 bilhões, enquanto os habitantes da zona rural devem desembolsar R$ 57 bilhões.
Conforme a pesquisa, os maiores gastos dos mineiros serão com habitação (R$ 144 bilhões), seguido por veículo próprio (R$ 73,3 bilhões), alimentação no domicílio (R$ 56 bilhões), alimentação fora do domicílio (R$ 38,2 bilhões), materiais de construção (R$ 25,8 bilhões) e planos de saúde e tratamento dentário (R$ 25,3 bilhões).