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CPI dos atos golpistas convoca aliados do governo Bolsonaro

Foto: Pedro França/Agência Senado

Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos atos de 8 de janeiro de 2023 está investigando as ações e omissões durante os ataques às sedes dos Três Poderes da República, que resultaram na prisão de mais de mil pessoas. O colegiado formado por parlamentares da Câmara dos Deputados e do Senado Federal tem 180 dias para concluir as investigações. Pessoas que faziam parte do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foram convocadas. Entre elas, Anderson Torres, Mauro Cid e os generais Braga Netto e Augusto Heleno. Para discutir o tema, o Edição do Brasil conversou com o cientista político Malco Camargos.

O que podemos esperar desta CPI?
A Polícia Federal já fez um trabalho bem amplo de responsabilização de quem estava nos atos. Agora, os grandes incentivadores, seja de mobilização ou financeiro, ainda não entraram na investigação. O que a CPI pode fazer é alcançar essas pessoas. Dentre esses incentivadores, a suspeita da oposição é que pessoas do atual governo estejam envolvidas.

A Comissão pode ser usada como palco para a criação de narrativas por parte da direita e da esquerda?
Toda CPI é uma investigação de inquérito, mas conduzida por agentes políticos. Logo, todas elas, independente de qual seja, geram narrativas políticas por disputa de posição.

Acredita que o atual governo sairá fortalecido?
Vejo que o governo já capitalizou o que já deveria com os atos do dia 8 de janeiro e não tem mais o que ganhar após o término das investigações. Se havia alguma dúvida se o governo seria capaz de iniciar o seu mandato, a ação do dia 8 mostrou que sim. Porém, quem tem mais a perder com as investigações é a oposição, caso sejam responsabilizados pelos fatos acontecidos.

A responsabilização dos incentivadores e financiadores dos ataques é um sinal de fortalecimento da democracia?
Sem dúvidas. Quando uma democracia sofre um ataque, como o que aconteceu no dia 8, mesmo assim se mantém de pé e consegue responsabilizar os seus algozes, ela está mostrando a sua força e inibe futuros ataques.

Existe alguma chance de acabar em “pizza”?
Há lacunas nos processos que ainda não foram mobilizadas, como os financiadores e incentivadores. Se ela conseguir trazer documentos comprobatórios em relação a isso, dificilmente terminará em pizza. As chances são altas, já que mobilizaram muita gente e muitos recursos financeiros. Esse é o desafio de quem está participando da CPI.