Segundo a Fundação João Pinheiro (FJP), o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio mineiro registrou variação de 6,3% no volume produzido, em 2022. Foi a maior participação no total do índice do estado observada na série histórica para o período 2010-2022. O montante alcançado no ano passado somou R$ 205 bilhões, valor que representa 22,2% do PIB total de Minas, estimado em R$ 924,7 bilhões.
Após ter permanecido em torno de R$ 110 bilhões no triênio 2016-2018, o PIB do agronegócio, calculado a preços correntes, registrou os valores de R$ 117,3 bilhões em 2019, R$ 147,8 bilhões em 2020, R$ 167,0 bilhões em 2021. Conforme a entidade, a evolução favorável no período de 2019-2022, pode ser melhor compreendida a partir da segregação dos resultados nos seus dois componentes principais: no núcleo do complexo produtivo, o Valor Adicionado Bruto (VAB) das atividades primárias (agricultura, pecuária e produção florestal), e, no entorno do núcleo, o PIB da agroindústria e dos serviços relacionados.
A estimativa para o índice de volume do VAB da agropecuária estadual apresentou expansão de 9,7% em 2022. Por sua vez, o crescimento estimado para os preços no núcleo do complexo foi de 12,7%. A FJP explica que isso se deve aos valores e as quantidades dos produtos primários que estão sujeitos a maior instabilidade em comparação aos produtos processados na agroindústria e nos serviços relacionados.
O economista Raimundo de Souza acredita que seja muito provável uma nova expansão do volume produzido no agronegócio mineiro em 2023. “Entretanto, dificilmente os preços do setor evoluirão de forma favorável neste ano quanto no triênio 2020-2022. Creio que, com as informações disponíveis no momento, a participação do agronegócio no PIB de Minas Gerais em 2023 permanecerá relativamente estável”.
Segundo Souza, os efeitos das políticas públicas coordenadas pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), ganhos de produtividade relacionados com um regime hídrico mais benéfico no triênio 2020-2022, e uma evolução extraordinariamente favorável dos preços relativos ao longo deste triênio, foram os fatores que influenciaram esse desempenho positivo.
Valor Bruto da Produção Agropecuária
De acordo com o Ministério da Agricultura, o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de 2023, com base nas informações de safras de abril, é estimado em R$ 1,216 trilhão, 4,7% superior em relação ao valor de 2022, que foi de R$ 1,161 trilhão. Já o mercado internacional gerou uma receita de exportações de US$ 50,6 bilhões de janeiro a abril. Foram particularmente beneficiados, os estados de Mato Grosso, com 21,4% das exportações, São Paulo (15,3%), Paraná (10,81%), Rio Grande do Sul (9,17%) e Minas Gerais (8,58%).
O economista destaca que o estado também segue tendência de alta. “Essa estimativa de crescimento está na base da expectativa de que haverá nova expansão do volume produzido no agronegócio mineiro em 2023. Porém, especialmente no caso das exportações do segmento de carnes, muitos fatores, como gripe aviária e barreiras alfandegárias nos países importadores, costumam interferir com alta frequência nos resultados do comércio internacional. O mais provável é que, com a economia mundial em ritmo lento de crescimento e preços de commodities estabilizados ou em queda, o desempenho das exportações do setor este ano, em Minas Gerais, não seja excepcional”.
Café
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), sobre a safra cafeeira, estimam uma produção de 27,83 milhões de sacas em Minas Gerais para 2023, o que representa aumento de 26,7% sobre o volume colhido na temporada anterior.
Ainda conforme a projeção, a produção total nacional, englobando as espécies arábica e conilon, atingirá 54,74 milhões de sacas, volume 7,5% superior ao do ano passado. Em comparação a de 2021, o aumento será de 14,7%. A Conab aponta que o prognóstico ainda é preliminar, uma vez que o ciclo da cultura está em curso e depende também de fatores do clima.