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Minas Gerais é o estado que mais desmatou a Mata Atlântica

Cinco municípios de Minas estão entre os 10 que concentram 30% do desmatamento – Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

De acordo com a pesquisa da Fundação SOS Mata Atlântica, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Minas Gerais está entre os cinco estados que acumularam 91% do desmatamento, entre outubro de 2021 e 2022, com o índice de 7,4 mil hectares. Logo após aparecem a Bahia (5.719 hectares), Paraná (2.883 hectares), Mato Grosso do Sul (1.115 hectares) e Santa Catarina (1.041 hectares).

Dez municípios brasileiros concentraram 30% do desmatamento total no período. Desses, cinco estão situados em Minas Gerais, um no Mato Grosso do Sul e quatro na Bahia. Três cidades baianas encabeçam a lista: Wanderlei (com 1.254 hectares desmatados), Cotegipe (907 hectares) e Baianópolis (848 hectares). Em seguida vêm São João do Paraíso (MG, 544 hectares), Araçuaí (MG, 470 hectares), Porto Murtinho (MS, 424 hectares), Francisco Sá (MG, 402 hectares), Capitão Enéas (MG, 302 hectares) e Gameleiras (MG, 296 hectares).

O estudo aponta ainda que apenas 0,9% das perdas se deram em áreas protegidas, enquanto 73% ocorreram em terras privadas, o que, segundo a Fundação, reforça que as florestas vêm sendo destruídas, sobretudo para dar lugar a pastagens e culturas agrícolas, além da especulação imobiliária, nas proximidades das grandes cidades e no litoral, que também é apontada entre as causas principais.

Dados da entidade apontam que o bioma é lar de quase 70% da população e responde por cerca de 80% da economia do Brasil, além de produzir 50% dos alimentos consumidos no país. Luís Fernando Guedes Pinto, diretor executivo da SOS Mata Atlântica e coordenador do Atlas, diz que o desmatamento já precisava ter sido abolido. “As ações de reflorestamento deveriam ser uma prioridade em todos os estados da Mata Atlântica. A realidade, infelizmente, é muito diferente”.

Governo de Minas

O Edição do Brasil entrou em contato com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) que, por meio de nota, afirmou que o combate ao desmatamento ilegal em Minas e a preservação da biodiversidade, aliados ao desenvolvimento sustentável, são alguns dos principais compromissos do governo. “Em relação ao bioma Mata Atlântica, as ações de preservação e conservação das florestas são norteadas pelo Plano Estadual de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica, que inclui a criação e gestão de unidades de conservação, fomento florestal, recuperação de ecossistemas, monitoramento florestal, fiscalização e regularização ambiental, dentre outros”.

Ainda segundo a nota, de 2021 até abril deste ano, já foram recuperados mais de 26,5 mil hectares de área referente ao bioma Mata Atlântica. “A união de esforços entre o poder público em todas as suas esferas, setor produtivo, terceiro setor e a sociedade é fundamental para que os resultados sejam cada vez mais efetivos. Exemplo disso foi a assinatura de um Protocolo de Intenções com municípios para o desenvolvimento de ações preventivas conjuntas e articuladas para redução do desmatamento ilegal no estado”.

Conforme a Semad, somente no primeiro quadrimestre deste ano, referente ao bioma Mata Atlântica, foram realizadas 1.467 fiscalizações ambientais, o que gerou 1.033 infrações. Em comparação com os outros anos, em 2021, foram feitas 4.069 fiscalizações, com 2.207 infrações. Em 2022, foram 5.485 fiscalizações, com 3.367 infrações registradas.

Índice nacional

De acordo com o estudo, a Mata Atlântica sofreu a derrubada de 20.075 hectares de floresta, o correspondente a mais de 20 mil campos de futebol. Embora o número represente queda de 7% em relação ao detectado em 2020/2021 (21.642 hectares), a SOS Mata Atlântica avalia que o desmatamento ainda está em um patamar elevado. Esse índice é o segundo maior dos últimos seis anos e está 76% acima do valor mais baixo já registrado na série histórica, que foi de 11.399 hectares entre 2017 e 2018.

“Houve uma pequena queda de 7%, mas a gente considera que é uma situação de estabilidade, pois é uma variação muito pequena em um patamar alto, acima de 20 mil hectares, se a gente entender que é um processo cumulativo de 500 anos de desmatamento. É um dado muito preocupante, são 55 hectares perdidos por dia”, finaliza Luís Fernando Guedes Pinto.