O número de microempreendedores individuais (MEIs) cresceu 45% de 2020 a 2023, saltando de 1,2 milhão para 1,6 milhão no estado. Atualmente, o modelo representa 63,8% das empresas formais em Minas Gerais. Os dados foram divulgados pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas), que realizou uma pesquisa para identificar o perfil dos microempreendedores e comemorar os 15 anos de implantação do MEI no Brasil.
A analista de relacionamento com o cliente do Sebrae Minas, Laurana Viana, aponta que o MEI é hoje uma base da economia. “Ao abrir uma empresa nesta modalidade, com menos burocracia e menos custo, o empreendedor consegue testar o negócio e cresce devagar de forma saudável e sustentável. Assim, estará mais estruturado quando se tornar um microempresário”, diz.
O setor de serviços apresenta o maior número de microempreendedores do estado, com 730 mil trabalhadores, seguido do comércio (470 mil), indústria (260 mil), construção civil (70 mil) e agropecuária (20 mil). Dentre as atividades com o maior número de formalizados, a atividade de cabeleireiro aparece em primeiro lugar, com 7,5% dos trabalhadores, seguido de comércio de vestuário (6,6%) e obras de alvenaria (5,4%).
Marcelo de Souza e Silva, presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, explica que a entidade atua em todos os municípios do estado. “Queremos que cada vez mais empreendedores saiam da informalidade e entendam mais desse tema. Quanto mais educação empreendedora nós conseguirmos levar para as pessoas, menos apoio empresarial precisarão para conduzirem seus negócios”.
A pesquisa analisou também o perfil do MEI em Minas e mostrou que 64% é masculino e 36% feminino. Na escolaridade, 40% deles possuem ensino superior completo, 34% têm apenas o ensino médio completo e 18% possuem ensino fundamental incompleto. Na categoria de raça, 43% se autodenominam pardos, 41% se dizem brancos, 14% pretos e 1% amarelos. 64% estão entre 31 a 50 anos, 12% possuem de 25 a 30 anos e 21% têm entre 51 e 64 anos.
Desafios
Os principais desafios são dificuldades de obter recursos financeiros (50%), falta de infraestrutura adequada do negócio (33%) e de manter em dia o pagamento do Documento de Arrecadação Mensal (DAS). Além disso, o levantamento mostra que 57% dos MEIs trabalham mais de 8 horas por dia, e 34% trabalham por 6 dias durante a semana. Além disso, 69% dos entrevistados não costumam tirar férias. Para 40% deles, a casa é o principal local de atuação, seguido do estabelecimento comercial (38%).
O ritmo de trabalho é intenso, especialmente no começo do negócio, avalia Laurana. “Apesar de poder contratar um empregado, a grande maioria dos MEIs atua sozinho. O atendimento ao público demanda tempo e eles não têm com quem dividir as tarefas. Utilizar o WhatsApp Business, com seu horário de funcionamento, é uma das sugestões que pode ajudar”, pontua.
A analista do Sebrae Minas, Viviane Soares, lembra que o cenário pode ser mais duro para as empreendedoras, já que, em muitos lares, a responsabilidade de cuidar da casa e da família, além do negócio, recai sobre as mulheres. “A mulher se envolve em atividades achando que tem a obrigação de fazê-las. É importante eliminar coisas que não fazem sentido, porque, às vezes, por culpa de estar trabalhando e não estar com a família, as pessoas acabam usando o tempo de uma forma sem qualidade”.
Apesar das dificuldades, a pesquisa revela que na expectativa para os próximos dois anos, 68% pretendem manter o negócio e apenas 6% deixarão de empreender.