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Discussão da reforma administrativa gera polêmica no parlamento mineiro

Além da habitual mudança governamental, propostas em mudanças em vários setores também foram incluídos, causando estranheza do Legislativo

Reunião contou com representantes do governo e sociedade civil – Foto: Guilherme Bergamini/ALMG

A Comissão de Administração Pública realizou audiência sobre o Requerimento de Comissão 1061/2023, de autoria das deputadas Bella Gonçalves (PSOL) e Beatriz Cerqueira (PT), para debater o Projeto de Lei nº 358/2023, enviado pelo governador Romeu Zema (Novo), que define os aspectos para a reforma administrativa no Estado. A proposição recebeu várias críticas, principalmente pela falta de diálogo entre governo, sindicatos e sociedade civil.

Na avaliação da deputada Beatriz Cerqueira, o projeto tem tramitado muito rápido. “É mais do que uma simples reforma administrativa. O governo Zema propôs um esvaziamento da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (SEDESE), a ampliação da participação das organizações sociais, substituindo o poder público. As alterações na área ambiental, que não são poucas, são graves e tem indícios de desmonte na área de fiscalização”.

Por parte do governo, o presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), Renato Teixeira Brandão, justificou que a pauta na área de meio ambiente é para reorganizar as funções da FEAM e da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. “A reforma traz para a fundação, a responsabilidade de realizar o processo de licenciamento ambiental de atividades. Enquanto a secretaria vai fazer toda a coordenação dos outros órgãos, como o instituto estadual das águas (IGAM) e instituto estadual de florestas (IEF)”.

Já o subsecretário de Fiscalização Ambiental, Alexandre de Castro Leal, afirma que a proposta vem para melhorar e fortalecer a fiscalização em Minas Gerais. “A ideia é que a gestão das estratégias de fiscalização, hoje centralizada em Belo Horizonte, seja estendida aos escritórios regionais”.

As propostas do governo de Minas para a área de meio ambiente receberam várias críticas. Para a ambientalista Jeaninne Ribeiro, o Estado tem operado para facilitar o desmonte das estruturas ambientais. “A remodelação tem proposto várias mudanças, mas nenhuma serve para a população”. Já o servidor da Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Triângulo Mineiro (Supram/Semad), Wallace Alves de Oliveira Silva, afirma que a proposta “nunca foi consultada, debatida e construída por parte do corpo técnico do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema)”.

Para o doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, José Cláudio Junqueira Ribeiro, a proposta é confusa e traz alguns retrocessos. “O maior problema é a questão entre o licenciamento e a fiscalização. Esses dois elementos precisam ser discutidos juntos e não de forma separada”.