Um estudo da Famivita, empresa especializada em saúde feminina, revelou que 64% da população não costuma utilizar preservativo na relação sexual. O levantamento mostrou ainda que 92% dos entrevistados têm ciência que o método contraceptivo evita as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Se tratando da faixa etária, do total geral de integrantes da pesquisa, referente ao grupo dos 25 aos 29 anos, 68% relataram não fazer uso. Já na idade entre 40 a 44 anos, 72% apontaram não ter esse costume.
O infectologista Cristiano Galvão de Melo, coordenador da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Vila da Serra, esclarece que o alto índice de não utilização de preservativo, na população de 40 a 44 anos, tem muito a ver com o vírus da imunodeficiência humana (HIV). “É uma geração que não presenciou a disseminação do HIV, não tiveram amigos ou conhecidos próximos que sofreram com a doença. Eles também não foram educados sobre a importância do uso da camisinha, o que explica a baixa aderência”.
De acordo com dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde, aproximadamente 1 milhão de pessoas afirmaram ter diagnóstico médico de IST, o que corresponde a 0,6% da população com 18 anos de idade ou mais. O infectologista explica que uma das principais funções do preservativo é evitar essa transmissão. “Existem várias infecções e uma das mais importantes é a prevenção do HIV. Funciona também como um eficiente método contraceptivo da gravidez indesejada”.
Ele complementa dizendo que os impactos das ISTs no Sistema Único de Saúde (SUS) são altos. “A gente tem, em média, cerca de 20 mil casos notificados no Brasil de sífilis congênita. Na gestante, essa infecção pode passar para o feto e provocar malformação e deficiência mental permanentes. Isso vai causar uma dependência grande do sistema público. Além disso, tem as internações dos pacientes portadores de HIV, custo com medicação, entre outros problemas”.
Os dados coletados pela Famivita ainda revelam que no Distrito Federal, 52% dos participantes têm o hábito de usar preservativo. Em Minas Gerais, esse número foi de 29% e, no Rio de Janeiro, 32%. Já no Ceará e no Rio Grande do Norte, 43% e 15%, afirmaram fazer essa utilização, respectivamente.
ISTs no Brasil
Segundo dados mais recentes da sífilis no Brasil, foram notificados 158.051 casos da infecção, com aumento de 28,3% em relação à última pesquisa realizada. Entre as hepatites, o tipo C da doença é a mais prevalente e também a mais letal, com 26.167 ocorrências notificadas. Foram registrados ainda 13.922 casos de hepatite B e 2.149 de hepatite A. Já em relação ao HIV, a maioria dos episódios é observada na faixa de 20 a 34 anos (52,7%). Atualmente, a estimativa é de que 900 mil pessoas vivem com o vírus no país. Dessas, 135 mil ainda não sabem que são soropositivos.
Melo pontua que várias infecções adquiridas de forma sexual não vão apresentar sintomas de forma imediata. “A pessoa que tem o HIV pode não sentir nada e o vírus só se manifestar décadas depois. A mesma coisa com as hepatites, principalmente a B, os indícios vão aparecer cerca de 10 anos após a contaminação”.
O infectologista conclui dizendo que o tratamento das ISTs vai variar de acordo com o tipo de infecção. “A sífilis, por exemplo, o processo é feito com o uso de antibiótico e é bastante eficaz. O HIV não tem cura, mas os medicamentos antirretrovirais conseguem fazer o controle, dando uma qualidade de vida boa para o paciente. Já a hepatite B, a intervenção é com antiviral”.