Nesse mês, é comemorado o Março Lilás, campanha criada pelo Ministério da Saúde para conscientizar a população feminina da importância de se prevenir contra o câncer do colo do útero, que é o terceiro tipo mais incidente entre as mulheres, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). O movimento tem o objetivo de alertá-las sobre os principais cuidados e sintomas iniciais da doença. Para 2023, foram estimados 17.010 casos novos, o que representa um risco considerado de 13,25 ocorrências a cada 100 mil indivíduos.
A oncologista Rosa Costa diz que a doença é um tumor maligno que acomete a parte inferior do útero. “A maioria das mulheres são regularmente submetidas a um teste de amostragem cervical, conhecido como exame papanicolau, que é usado para detectar alterações celulares. Ele fornece informações sobre lesões que podem levar ao câncer, sendo importante para a prevenção e diagnóstico precoce desta enfermidade”.
Ela diz que estas lesões são as primeiras alterações celulares, mas leva muito tempo para desenvolver a doença. “Em alguns casos, elas podem desaparecer por conta própria. Resultados de teste anormal não correspondem ao diagnóstico de câncer do colo do útero, mas é um alerta para a possibilidade de que o tecido pode degenerar a esse ponto. Um potencial tão grande é que as mudanças pré-cancerosas são chamadas de neoplasia intraepitelial cervical”.
Rosa aponta que as alterações pré-cancerosas do colo do útero não têm sintomas. “É importante a realização do exame de papanicolau de forma regular. Geralmente, os sinais são observados quando a doença já apresenta algum grau de avanço local, como sangramento após o sexo e/ou dor durante as relações sexuais (dispareunia), sensação de peso no períneo e corrimento mucoso, e em alguns casos, obstrução das vias urinárias e intestinos”.
Causas
Existem muitas classes de papilomavírus humano (HPV). No entanto, as famílias virais que mais preocupam pelo seu potencial de promover doenças são os tipos 6, 11, 16 e 18. Os que podem levar ao câncer de colo do útero são os subgrupos 16 e 18. Os subgrupos mencionados 6 e 8 são os que promovem o surgimento de verrugas genitais (condilomas).
“O próprio organismo se encarrega de eliminar a infecção na maioria das vezes. Em uma fração desses casos, o HPV leva ao desenvolvimento de lesões precursoras, que não são tumores malignos e podem ser identificadas e tratadas por medidas locais, tais como retirada cirúrgica ou por radiofrequência. Ambos os procedimentos são ambulatoriais”, explica Rosa.
A oncologista esclarece que, além do HPV, outros fatores podem contribuir para o diagnóstico. “Multiplicidade de parceiros sem os devidos cuidados, tabagismo, síndromes de imunodeficiência e outras infecções sexualmente transmissíveis”.
Tratamento
Rosa afirma que as diferentes opções de tratamento dependem do estágio da doença. “Quando o câncer está na fase inicial, a cirurgia é a indicação, podendo ser ou não complementada por radioterapia e quimioterapia. Nos casos em que a enfermidade apresenta maior gravidade, porém, limitada apenas ao colo do útero, o procedimento de radioterapia e quimioterapia permitirá, posteriormente, a realização da operação. Se já tiver comprometido outros órgãos, a quimioterapia terá a função de tentar conter a doença e oferecer a melhora sintomática”.
Vencendo a doença
A advogada Mônica Mendes descobriu o câncer em fase inicial. “Fiz vários exames de rotina, entre eles o papanicolau, que mostrou uma infecção do vírus HPV. Foi feito um procedimento cirúrgico chamado conização do colo do útero, no qual um pedaço foi retirado do órgão para a realização de uma biópsia para identificar a existência de células cancerígenas”.
Ela afirma que o resultado mostrou uma lesão de alto grau. “A médica recomendou a retirada completa do útero e das duas trompas e não precisei fazer nenhum tratamento oncológico após a cirurgia. Apesar de difícil, não me deixei abalar com a situação. Hoje faço acompanhamento por meio dos exames periódicos”, conclui.