Mesmo com o avanço do conhecimento sobre o autismo, ainda existe a generalização do diagnóstico, causando o preconceito da sociedade e dos próprios familiares. Isso está presente, inclusive, nas escolas, que não aceitam o ingresso de alunos autistas.
De acordo com a psicóloga Lívia Aureliano, o primeiro ato preconceituoso, mesmo que inconsciente, é não legitimar o diagnóstico. “A aceitação é o primeiro passo para lidar com a situação e oferecer uma vida mais acessível para a criança e também para os familiares. De fato, existem algumas limitações, entretanto, o transtorno do espectro autista (TEA) não é igual em nenhum indivíduo”.
Ela afirma que as pessoas ainda têm preconceito porque não sabem com o que estão lidando. “Buscar informações com especialistas, ler artigos, depoimentos, entre outros conteúdos que esclareçam o autismo, é primordial. Além disso, trocar experiências com grupos, profissionais, famílias, entidades, colégios, dará um novo prisma em relação à condição”.
Lívia reforça a importância de compartilhar o que aprendeu. “O conhecimento adquirido com os estudos sobre o TEA e a troca de experiências deve ser repassado para os outros familiares e qualquer pessoa que se interesse ou conviva com alguém dentro do espectro. Quando ensinamos, aprendemos duas vezes”.
Dê autonomia para a criança
Quando os pais e familiares não sabem lidar com o TEA, acabam tirando a autonomia da pessoa. Segundo a psicóloga, atitudes como essa, além de não ajudarem com o tratamento, dá a impressão de que ela é totalmente dependente, o que pode alimentar o preconceito. “Permitir que os pequenos assumam suas responsabilidades é a melhor forma de auxiliar e compreender. Não evite lugares ou situações por conta da condição da criança. Independentemente do nível de autismo, permita que ela vivencie novas experiências” explica.
Por último, Lívia fala sobre a questão dos pais se importarem com a opinião alheia. “Com certeza, esse é um dos combustíveis mais eficazes para alimentar o preconceito. Quando a pessoa se preocupa demais com os outros, anula a criança por medo de incomodar. Nem todo mundo vai saber lidar, mas muitos compreendem a condição melhor que os familiares”.